ARTIGOS ORIGINAIS
Resumo: Tumores musculares do cólon e reto são neoplasias raras, com comportamento clínico particular, considerados histologicamente como leiomiomas ou leiomiossarcomas.. A dificuldade em se estabelecer critérios de malignidade dessas lesões leva a indecisões quanto ao tipo de tratamento cirúrgico a ser adotado. Mais recentemente, através de técnicas de imuno-histoquímica, observou-se que grande parte desses tumores não apresentava diferenciação muscular lisa de fato. Tumores estromais gastrointestinais, os GISTs, diferenciam-se do ponto de vista histológico, imuno-histoquímico e genético dos leiomiomas e leiomiossarcomas. Após revisão de 11 casos no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), em um período de 25 anos, de lesões com laudo histopatológico de leiomiomas / leiomiossarcomas ou tumor estromal intestinal, cinco leiomiomas da muscular da mucosa foram identificados. Através da técnica de imuno-histoquímica para tumores da camada muscular própria utilizando-se os marcadores CD117, CD34, PTN S-100, actina de músculo liso e desmina foi confirmado somente um leiomioma. As outras cinco lesões da camada muscular própria comprovaram ser GISTs. O tratamento sugerido é o cirúrgico, e nem rádio ou quimioterapia têm eficácia comprovada. O Imatinib mesylate, inibidor seletivo da tirosina kinase expressa nos GISTs, surge como opção terapêutica para GISTs irressecáveis ou metastáticos. O diagnóstico e diferenciação entre neoplasias de células musculares lisas GISTs, deve ser feito com o auxílio da imuno-histoquímica, e um número maior de casos é necessário para se definir o melhor tratamento cirúrgico e o prognóstico dessas lesões.
Unitermos: Neoplasias retais, Neoplasias do cólon, Leiomiomas, Leiomiossarcomas, Células estromais, Imuno-histoquímica
INTRODUÇÃO
Leiomiomas e leiomiossarcomas são neoplasias respectivamente benignas e malignas derivadas
de células musculares lisas.
O primeiro leiomioma de reto confirmado histologicamente foi descrito por Malassez em
1872, embora a maioria dos autores dê o crédito para o
relato de Carlier e Van der Espt em 1881, 23,
26 provavelmente porque estava descrito de forma mais detalhada.
O primeiro leiomiossarcoma de reto foi descrito por
Exner em 1908 que nesta ocasião relatou e documentou
dois casos.
No trato gastrointestinal, os leiomiossarcomas formam a mais comum malignidade não
epitelial, compreendendo 20% 1, 32, 41 desses tumores no
intestino delgado e 0,1% no cólon e reto. 1, 5, 13, 29, 32, 37, 38,
41 O cólon e o reto são sítios raros de tumores
leiomiomatosos e abrigam 3% e 7% , respectivamente,
dos tumores da musculatura lisa do trato
gastrointestinal.29
Originam-se de fibras lisas da muscular da mucosa ou de fibras musculares das camadas
circular e longitudinal da parede do reto, ou da parede dos
vasos sanguíneos. 30, 40 Leiomiomas originários da
camada muscular da mucosa do cólon e reto, são
tumores benignos, freqüentemente polipóides e menores do
que 1 cm. 34, 36
A maioria dos leiomiossarcomas intestinais ocorre entre a 5º e a 6º décadas de vida. 1, 16, 23, 26, 41 Em
relação ao sexo, há um discreto predomínio de
homens em relação às mulheres. 1, 17, 42
Podem ser achados incidentalmente por exame proctológico de rotina, ou crescem até
produzirem sintomas que levem o paciente a procurar
auxílio médico. Conforme aumentem de tamanho,
podem causar diminuição da luz do órgão levando
a constipação, sangramento por ulceração da mucosa
e dor. 1, 17, 26, 27, 36, 38, 42, 56,
57 Outros sintomas como disúria e massa palpável podem se apresentar quando o
tumor cresce extrinsecamente. No reto, o toque retal
pode evidenciar a lesão como massa extrínseca abaulando
a mucosa, ou simplesmente como uma pequena nodulação de consistência elástica ou endurecida.
Na maior parte dos casos, os sintomas só aparecem
quando os tumores estão localmente avançados ou
então quando há evidências de metástases.
7, 15, 43 Quando se localiza anteriormente, pode ser confundida
com nódulo de próstata, passada até então despercebida
pelo paciente.
Desde o final do século XIX, têm sido
relatados casos de leiomiomas e leiomiossarcomas do trato
gastrointestinal isoladamente na literatura,
principalmente quando se trata do cólon e
reto. 23, 26 São tumores raros e com comportamento clínico particular.
Tumores pequenos, com aspecto de benignidade tanto
macro quanto microscopicamente, ressecados com
margens livres de neoplasia, recidivam períodos
depois. Tumores grandes, volumosos, eventualmente
demoram a recidivar ou causar metástases. O que esperar
desses tumores? 44
Com o passar do tempo, além do exame
físico, métodos complementares diagnósticos foram
surgindo e passaram a auxiliar o reconhecimento das lesões
submucosas, além de contribuirem na diferenciação
das neoplasias benignas e malignas.
A retossigmoidoscopia não vai revelar
sempre a presença do tumor, principalmente quando é
pequeno, submucoso e sem ulceração da mucosa.
26 Leiomiossarcomas são visíveis à
retossigmoidoscopia se a mucosa estiver envolvida e a ulceração
presente em 30% a 50% dos casos. 38
O clister opaco foi um dos primeiros exames a ser realizado, porém não oferecia a possibilidade
de amostras das lesões, para realização de
exame histopatológico. 22
A colonoscopia surgiu auxiliando muito no diagnóstico, por possibilitar a realização de
biópsias ou exérese de lesões
polipóides.19, 20 Entretanto,
por serem lesões submucosas, muitas vezes o
material obtido não era suficiente para conclusão
diagnóstica, inclusive quanto à classificação do seu
potencial maligno.
Outros exames de imagem como tomografia computadorizada,
32 ressonância magnética
55 e mais recentemente ultra-sonografia endorretal
9, 18, 21, 45, 46, 58 surgiram evidenciando melhor essas
lesões, relacionando-as com estruturas vizinhas, e
mesmo visualizando sua origem na parede muscular
intestinal, porém ainda limitadas em definir e
diferenciar categoricamente uma lesão benigna de uma
maligna, quando não há evidências de infiltração neoplásica
e/ou invasão. Quanto aos aspectos
macroscópicos, tumores grandes, irregulares, ulcerados e aderidos
a estruturas adjacentes sugerem tratar-se de
leiomiossarcomas. 21, 42 Estão intimamente ligados
à camada muscular própria do
reto42 Microscopicamente, considera-se principalmente o grau aumentado
de celularidade, a presença de atipia citológica, o
índice de mitoses e a necrose como fatores sugestivos
de malignidade. 7, 12, 41 Aspectos como a presença
de alteração mixóide, hialinização e calcificação são
mais encontrados nos leiomiomas. 41
O critério anátomo-patológico mais
importante para definir a malignidade é o número de mitoses. 1, 10, 14, 27, 39, 40, 41, 54,
57 O que dizer de tumores com baixo índice mitótico que recidivam precocemente
após cirurgia? 44 Que outros fatores influenciam
o comportamento tumoral?
Quanto ao tratamento, o que fazer? Cirurgia local alargada?
27, 42 Ressecção abdominoperineal? 1, 17, 23, 24, 27, 30,
31 Ressecção local associada a
radioterapia? 13, 37, 40, 57
Durante mais de um século procura-se
entender o comportamento clínico tão variável dos
tumores musculares lisos do trato gastrointestinal. Por volta
de 1983, começou-se a achar que grande parte
desses tumores de células fusiformes não
apresentava diferenciação muscular lisa de fato, o que
foi conseguido com o aperfeiçoamento das técnicas
de imuno-histoquímica. 2 Nos dias de hoje,
conseguimos diferenciar tumores musculares lisos dos
tumores estromais gastrointestinais (gastrointestinal
stromal tumors, GISTs), evidenciando sua diferença
histológica, imuno-histoquímica e genética.
2, 14, 25, 34, 41, 39, 47, 52 Através da imuno-histoquímica, os tumores
musculares reagem positivamente para actina de músculo liso
e desmina, e negativamente para CD117 , CD34 e proteína S-100.
28
Os GISTs caracterizam-se por ser positivos para CD117
4, 33, 47, 51, 52 e CD34, 35,
50 e negativos para actina de músculo liso, desmina e proteína S-100.
2, 33, 36, 47, 52
Em geral, tumores estromais colo-retais benignos ocupam a submucosa e não têm tendência
a aderir à muscular própria. 14
Os GISTs são mais comuns no cólon
esquerdo e transverso (71%) e sua sintomatologia não
difere muito em termos clínicos dos carcinomas de
cólon. Leiomiossarcomas predominam no cólon direito e
têm comportamento indefinido. 37
No entanto, permanecem incertos os
critérios de malignidade, e pela raridade das lesões (0,1%
dos tumores do cólon e reto), 1, 5, 13, 29, 32, 37, 38, 41
somente um acompanhamento longo e maior número de casos
poderia ajudar a delinear o comportamento dessas lesões e seu tratamento.
48
O objetivo desse trabalho é fazer uma
avaliação da bibliografia sobre tumores musculares e
estromais do cólon e reto, relacionar novos casos clínicos
à literatura, diferenciá-los dos GISTs por
imuno-histoquímica, avaliar o conceito de malignidade
das lesões e relatar os aspectos histopatológicos
destes tumores.
Pacientes e Métodos
Foram selecionados para estudo retrospectivo todos os pacientes com laudo histopatológico
de neoplasia de células musculares lisas ou
tumor estromal de cólon e reto constantes nos arquivos
do Serviço de Anatomia Patológica do
Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF),
da Universidade Federal do Rio de Janeiro, compreendidos no período de janeiro de 1978 a
março de 2003, totalizando 11 casos. Os
pacientes selecionados foram avaliados segundo os
aspectos clínicos, histopatológicos, imunohistoquímicos,
tipo de cirurgia e sobrevida.
Os dados clínicos foram obtidos após
revisão criteriosa dos prontuários (idade, sexo,
sintomas, localização macroscópica), assim como os
exames realizados, o tipo de cirurgia e o
acompanhamento desses pacientes, como evidenciado na Tabela-1.
Tabela 1 - Aspectos clínicos de 11 pacientes.
Paciente Nº |
Idade (anos) |
Sexo | Localização colo-retal |
Tamanho (cm) |
Sintomas | Tratamento | Acompanhamento |
1 | 29 | M | Reto superior | 0,4 | Achado incidental | Polipectomia 09/1985 |
24 meses |
2 | 41 | F | Ceco | 0,3 | Achado incidental | Hemicolectomia direita 07/1987 |
12 meses |
3 | 60 | F | Reto-sigmóide | 0,7 | Achado incidental | Polipectomia 08/1992 |
84 meses |
4 | 53 | M | Reto médio | 0,5 | Achado incidental | Polipectomia 06/1997 |
2 meses |
5 | 49 | M | Reto-sigmóide | 0,5 | Achado incidental | Polipectomia 08/1999 |
6 meses |
6 | 70 | M | Reto inferior | 1,0 | Disúria, polaciúria | Ressecção local 06/1982 |
5 meses (alta após diagnóstico histológico de LM) |
7 | 65 | M | Reto médio | 1,2 | Polaciúria | Ressecção loca l 08/1987 |
36 meses (DPOC Grave + Cardiopatia) |
8 | 47 | M | Reto médio | 0,3 | Dor e massa abdominal, diarréia | Laparoscopia (bx reto lesão extra mucosa) 03/1992 |
Óbito no 11º dia pós - operatório. |
9 | 55 | F | Transverso | 2,0 | Dor e massa abdominal, constipação | Laparotomia por tumor de ovário. Colectomia segmentar 04/1992 |
3 meses |
10 | 42 | F | Reto baixo | 9,5 | constipação, sangramento e dor retal | Ressecção local 01/2002 |
22 meses |
11 | 42 | M | Reto baixo | 9,0 | sangramento retal | Ressecção abdomino-perineal de reto 11/2002 |
4 meses |
A análise histopatológica foi iniciada com
a revisão por um único patologista de cortes corados
pela hematoxilina e eosina (HE). Cinco lesões
foram caracterizadas como leiomiomas originados na muscular da mucosa, sendo excluídos do
estudo imunohistoquímico.
As demais seis lesões mostraram relação
com a camada muscular própria, sendo então submetidas
a estudo imunohistoquímico visando a
diferenciação entre neoplasia originária em células musculares
lisas e GIST. Para isso foram utilizados os
seguintes anticorpos:
- CD117, cód A 4502, (Dako Japão
Co, Kyoto, Japão), na diluição de 1:50.
- CD34, cód M 7165, (Dako A/S,
Glostrup, Dinamarca), na diluição de 1:250
- Actina de músculo liso, cód M
0851, (Dako S/A , Dinamarca), na diluição
de 1:250
- Proteína S-100 na diluição de 1:1000
- Desmina, cód M 0760, (Dako S/A, Dinamarca), na diluição de 1:100
Após etapas de desparafinização
e hidratação, a recuperação antigênica foi
realizada após imersão das lâminas em tampão citrato
(marca PRQ Química Ltda, cód. C050K), 0,01 mM, pH
6,0 em banho maria digital (marca De Leo), 95 _ 99 graus centígrados por 40 minutos, com
descanso posterior de 20 minutos. Seguiu-se o bloqueio
da peroxidase endógena com água oxigenada,
a aplicação do anticorpo primário overnigth,
a aplicação dos anticorpos secundários associados
ao sistema estrepto-avidina ("labeled
streptavidin-biotin complex" - LSABÅ, Dako, cód. K0690), e
a adição do substrato cromógeno
diaminabenzidina (liquid DAB Substrate-Chromogen System,
marca Dako, cód.K3466). Para finalizar, foi realizada
a contracoloração com Hematoxilina de
Harris (Merk).
Os resultados foram expressos como negativos (quando menos de 10% das células foram
coradas), positivos focais (quando mais de 10% e menos de
90% das células tiveram reação positiva), e
positivos (quando mais de 90% das células tiveram
resultados positivos), para desmina, actina de músculo liso e
PTN s-100. 33, 54
Com respeito à reatividade para o CD 34 e
o CD 117, as reações foram consideradas
claramente positivas quando mais de 75% das células
foram coradas, e claramente negativas, quando a reação
foi menor do que 5%.50
Após esta etapa, todas as neoplasias
caracterizadas como originárias de células musculares
lisas, tanto da muscular da mucosa como da camada
muscular própria, tiveram seus aspectos
anátomo-patológicos reavaliados quanto a presença de atipias
citológicas, presença de necrose, localização na camada
muscular, grau de diferenciação histológica, celularidade,
número de mitoses por 10 e por 20 campos de grande
aumento ("HPF"), degeneração mixóide,
hialinização, calcificações e hemorragia. Para tumores CD
117 positivos, o número de mitoses das lesões foi
ainda contado em 50 campos de grande aumento. Foram
ainda classificadas segundo Broder 27, conforme descrito
a seguir, e evidenciado na Tabela-2.
Tabela 2 - Aspectos anatomo-patológicos.
Paciente Nº |
Atipias | Necrose | Local. micro. |
Diferen- |
Celulari- dade |
Mit / 10 HPF |
Mit / 20 HPF |
Mit / 50 HPF |
Alt. Mixóide |
Hialinização | Calcificação | Hemorragia | Classif. Broder |
1 | Ausente | Ausente | Muscular Mucosa |
Bem | Leve | 0 | 0 | Ausente | Presente | Ausente | Ausente | 1 | |
2 | Leve | Ausente | Muscular Mucosa |
Bem | Moderada | 1 | 1 | Ausente | Ausente | Ausente | Ausente | 1 | |
3 | Ausente | Ausente | Muscular Mucosa |
Bem | Leve | 0 | 0 | Ausente | Ausente | Ausente | Ausente | 1 | |
4 | Ausente | Ausente | Muscular Mucosa |
Bem | Leve | 0 | 0 | Ausente | Ausente | Ausente | Ausente | 1 | |
5 | Ausente | Ausente | Muscular Mucosa |
Bem | Leve | 0 | 0 | Ausente | Ausente | Ausente | Ausente | 1 | |
6 | Ausente | Ausente | Muscular própria |
Bem | Moderada | 0 | 0 | 0 | Ausente | Ausente | Presente | Ausente | 1 |
7 | Ausente | Ausente | Muscular própria |
Bem | Leve | 1 | 1 | 2 | Ausente | Presente | Presente | Ausente | 1 |
8 | Ausente | Ausente | Muscular própria |
Bem | Leve | 0 | 0 | Ausente | Ausente | Ausente | Ausente | 1 | |
9 | Leve | Ausente | Muscular própria |
Bem | Moderada | 1 | 1 | 3 | Ausente | Ausente | Presente | Presente | 1 |
10 | Moderada a Acentuada | Presente | Muscular própria |
Moderada | Alta | 14 | 29 | 72 | Ausente | Presente | Ausente | Presente | 3 |
11 | Leve | Ausente | Muscular própria |
Bem | Alta | 0 | 1 | 3 | Ausente | Ausente | Ausente | Ausente | 1 |
Local, Localização; Micro, microscópica, Mit, mitoses; HPF, high power fields (campos de grande aumento); Alt, alteração; Classif, classificação. |
Resultados
Após realização da técnica de
imunohistoquímica realizados para os pacientes de número 6
ao 11, com lesões localizadas na camada muscular
própria, obtivemos os seguintes resultados,
conforme evidenciado na Tabela -3.
Tabela 3 - Aspectos imuno-histoquímicos.
Paciente Nº | CD 117 | CD 34 | PTN S-100 | Actina Musc. Liso | Desmina |
6 | + | + | - | + | + |
7 | + | + | - | + (Focal) | + (Focal) |
8 | - | - | - | + | + |
9 | + | + | - | + (Focal) | - |
10 | + | + | - | - | - |
11 | + | + | - | - | - |
+, reação positiva; -, reação negativa; Musc, músculo |
De acordo com a avaliação dos 11 casos
com diagnóstico de leiomioma (9), ou tumor estromal
do cólon e reto (2), observamos que os cinco casos de
lesões originadas da muscular da mucosa (os de número 1 a
5), permaneceram com o diagnóstico inicial de
leiomioma, e dos seis casos restantes (os de número 6 a 11),
cujas lesões eram originárias da camada muscular própria
e por isso tiveram uma avaliação
imuno-histoquímica posterior, somente uma lesão (paciente número
8), permaneceu com o diagnóstico inicial de leiomioma,
e as cinco restantes comprovaram ser GISTs.
A proporção de homens e mulheres
com diagnóstico final de leiomioma foi respectivamente
2:1, quatro homens (66,6%) e duas mulheres (33,3%).
A idade dos pacientes variou de 29 a 60 anos (média
de 46,5 anos). Três pacientes apresentavam lesões no
reto (50%), dois na junção reto-sigmoideana (33,3%), e
um no ceco (16,6%). O tamanho dos leiomiomas da muscular da mucosa variou de 0,3 a 0,7 cm (média
de 0,4 cm). O diagnóstico do leiomioma da
camada muscular própria foi conseguido através de
biópsia, ficando prejudicada a determinação do tamanho
do mesmo.
Todas as cinco lesões originadas na
muscular da mucosa foram achados incidentais, em exames
de investigação clínica, pré operatórios ou
achados cirúrgicos. Somente em um caso com origem na
camada muscular própria, havia queixa de diarréia e
massa abdominal, provavelmente relacionada a sua
patologia associada (adenocarcinoma com metástase
abdominal de sítio indeterminado). O tratamento de quatro
casos de leiomiomas da muscular da mucosa foi a polipectomia (quando realizado diagnóstico prévio),
e uma hemicolectomia direita, em que a lesão em
ceco foi um achado incidental. O único caso relativo
à camada muscular própria não foi tratado, visto que
a laparoscopia evidenciou carcinomatose peritoneal,
por adenocarcinoma metastático, e o paciente faleceu
no 11° dia pós operatório.
O tempo de acompanhamento variou de 11 dias a 84 meses (média de 42 meses).
Dos seis pacientes com diagnóstico de leiomioma, cinco apresentavam lesões sem atipia,
e um com atipia leve. Necrose estava ausente em
todos os casos e todas as lesões foram classificadas
como bem diferenciadas. A celularidade era leve em
cinco casos e moderada em um. Alteração
mixóide, calcificação e hemorragia ausentes em todos os
casos (100%), e hialinização presente em apenas um dos
seis casos (16,6%). A classificação de Broder foi 1 em
todos os casos.
Das seis lesões encaminhadas para
avaliação imuno-histoquímica, provenientes da camada
muscular própria do cólon e reto, cinco tiveram diagnóstico
de GIST (pacientes de número 6, 7, 9, 10 e 11) e um
de leiomioma (paciente de número 8). Não
foi diagnosticada nenhuma lesão como
leiomiossarcoma. Em relação aos pacientes com diagnóstico de GIST,
a proporção de homens e mulheres foi de
3:2 respectivamente, três homens (60%) e duas
mulheres (40%). A idade variou de 42 a 70 anos (média de
54,8 anos). Quatro lesões localizavam-se no reto e uma
no cólon transverso. O tamanho das lesões variou de
1,0 a 9,5 cm (média de 4,54 cm). Os principais
sintomas foram dor, massa abdominal, constipação
e sangramento retal, sendo que em três pacientes a
lesão foi um achado incidental. O tipo de tratamento
foi ressecção local em três casos, colectomia
segmentar em um caso e ressecção abdominoperineal em um
caso. O período de acompanhamento variou de 3 a 36 meses.
As lesões malignas no reto localizam-se preferencialmente no seu terço distal, na
parede posterior. Lesões benignas comumente se
originam anteriormente ou lateralmente no reto.
40 Nesta série, das cinco lesões da camada muscular
própria localizadas no reto, uma teve diagnóstico de
leiomioma (paciente 8) e três de GIST (pacientes 6,7,9 e 10),
da parede anterior. Somente uma (paciente 10)
mostrou ser malígna até o momento. Um paciente (de
número 11) apresentava lesão em parede posterior do
reto, porém encontra-se sem evidências de recidiva
tumoral até o término da coleta de dados.
Quanto à imuno-histoquímica, os
cinco tumores com diagnóstico de GIST, foram positivos
para CD117 e CD34 (100%). Todos apresentaram
reação negativa à PTN S-100. Em relação à actina de
músculo liso, um caso evidenciou reatividade positiva
(20%), dois positividade focal (40%), dois
reagiram negativamente (40%). A reatividade para desmina
foi negativa em três casos (60%), positiva focal em
um (20%) e positiva em um (20%).
Todos as células dos tumores avaliados
nesse estudo tinham aspecto fusiforme (100%).
Discussão
Tumores estromais gastrointestinais estão
entre as neoplasias de mais difícil compreensão com que
nos deparamos. São suficientemente raras para tornar
mais difícil qualquer decisão quanto ao tipo de
tratamento mais adequado a ser realizado e qual o
prognóstico desses pacientes.
Hoje em dia discute-se muito a origem desses tumores e qual o critério realmente válido
para identificar as lesões malignas, em oposição
àquelas claramente benignas, os leiomiomas, que se
originam dentro das camadas musculares do esôfago, e
da muscular da mucosa do cólon e reto.
34, 36
Em relação aos exames
complementares, embora vários estudos para diferenciar os
leiomiomas dos leiomiossarcomas tenham sido feitos,
utilizando-se clister opaco, colonoscopia, tomografia
computadorizada, ressonância magnética e ultra-som
endo-retal, nenhum método definitivo foi
descrito, pois o diagnóstico depende de uma avaliação histopatológica.
21
Há décadas os tumores estromais têm
sido classificados como de origem muscular lisa,
utilizando o prefixo "leiomio-". Com a aquisição de novas
técnicas histológicas ao longo do tempo, os patologistas
têm tentado classificar melhor esses tumores
de comportamento por vezes inesperado. Essa
tentativa vem da observação de que quando comparada
com leiomiomas de outros órgãos, como aqueles
do miométrio, a classificação dos leiomiomas do
trato gastrointestinal é deficiente. Tumores intestinais
têm comportamento peculiar. Podem metastatizar
quando são muito pequenos, quando não
mostram pleomorfismo celular ou mesmo quando
são mitoticamente inativos. Como classificá-los
como benignos ou malignos?
Com o advento da imuno-histoquímica, utilizando-se anticorpos produzidos contra
vários constituintes citoplasmáticos, conseguiu-se
com exatidão distingüir por imunofluorescência
ou peroxidase os antígenos tissulares pesquisados.
Sendo assim, os tumores de origem da musculatura lisa
do trato gastrointestinal são desmina positivos; actina
de músculo liso, positivos; CD34 negativos;
CD117 negativos ; proteína S _100 negativos .
Tradicionalmente, para sarcomas em geral, características de malignidade incluem
pleomorfismo nuclear e celular, com células bizarras, de
forma irregular, vários tamanhos e núcleos
hipercromáticos; uma alta taxa de mitoses, densidade celular que é
maior do que nas lesões benignas; crescimento infiltrativo
e metástases. 31
A designação de aspecto benigno se refere
a um complexo de características citológicas
e arquiteturais, que inclui principalmente a falta
de aspectos aceitos como marcadores de malignidade.
Para tumores estromais intestinais, essas características têm algumas modificações.
O pleomorfismo não é útil, visto que muitos
sarcomas não são pleomórficos.
1, 10, 44 A contagem mitótica quando é alta é um bom indicador de malignidade,
no entanto, vários sarcomas metastatizam com
contagens muito baixas. O tamanho do tumor sugere que
tumores maiores têm mais chance de serem malignos,
porém lesões pequenas podem metastatizar.
2 A quantificação da atipia celular, ausente; leve; moderada;
ou acentuada, assim como a celularidade, leve;
moderada; ou alta, é muito subjetiva. A idade inferior a 50 anos
é considerada fator de prognóstico ruim para
pacientes com GIST. 57 Em nossa série, dois pacientes
tinham idade inferior a 50 anos (os de número 10 e 11),
um deles com recidiva precoce.
Alguns sistemas de graduação são
sugeridos, e a variabilidade é óbvia. Deve-se levar em
consideração que as metástases de leiomiossarcomas
são dependentes do seu sítio de origem e que isso
ocorre em 50% dos tumores do cólon e reto.
48
Com o uso do anticorpo CD117, conseguimos diferenciar tumores estromais
gastrointestinais (GISTs), dos tumores musculares lisos e daqueles
das células de Schwann. GISTs mostram positividade
para CD117, CD34, e são geralmente negativos para
actina de músculo liso, desmina e proteína S-100.
34 Dos tumores originados da camada muscular própria
desta série, com diagnóstico de leiomioma (quatro) e
tumor estromal (dois), somente um confirmou ser
leiomioma, e os outros cinco GISTs.
Cinco por cento dos GISTs gastrointestinais ocorrem no cólon e reto. Quase todos os GISTs
dessa localização são formados por células fusiformes.
34, 49 Todos os tumores dessa série foram formados
por células fusiformes.
A expressão do CD117 nos GISTs é
geralmente observada na maioria das células do tumor,
4 em 85% dos casos. 47 A marcação é tipicamente
citoplasmática, forte e positiva, como encontradas nessa série,
mas freqüentemente mostram pontos de acentuação.
4, 35 A positividade focal, em raras células, ou a
atividade envolvendo grupos de células que compreendem
menos de 10% das células tumorais, devendo ser
avaliadas com cautela. Células dispersas com CD117
positivo, sugerem ser mastócitos. Os mastócitos e as células
de Cajal são as únicas células intestinais que
expressam positividade para CD117. 4
Aproximadamente 70% dos GISTs são positivos para CD34.
34, 35 Nessa série, todos os
casos foram positivos (100%).
A maioria dos relatos cita uma positividade de 20% a 40% de actina de músculo liso nos GISTs,
e essa reatividade é geralmente focal.
34, 35 Esse padrão de positividade se explica pela provável origem
das células de Cajal e células musculares lisas, a partir
de uma mesma célula tronco primitiva. 34,
51
Todos os GISTs possuem algum grau de potencial maligno. A mutação com ganho de
função observada no c-kit ocorre em mais de 90% dos
GISTs, permitindo uma auto-ativação da tirosina kinase,
levando a uma divisão celular aberrante e crescimento tumoral.
6
Em contraste, verdadeiros leiomiomas são consistentemente negativos para CD117
47 O único leiomioma de nossa série originado da
camada muscular própria, seguiu esse padrão
imuno-histoquímico. No entando, nossa amostra foi
muito pequena (0,3 cm), proveniente da biópsia de uma
lesão com aspecto de massa, sem possibilidade de
melhor avaliação já que o paciente em questão veio a
falecer precocemente após laparoscopia
diagnóstica inconclusiva, por adenocarcinoma metastático de
sítio primário indeterminado. Será que essa
amostra representava toda a lesão?
Ocasionalmente células positivas para
desmina dentro dos GISTs são observadas, e refletem
células musculares lisas não neoplásicas infiltradas
pelos GISTs .47 A desmina foi observada dentro dos
tumores da série de Ueyama et al. (1992), em 34% dos
casos. Nesse estudo, um dos cinco casos teve reação
positiva (20%), dois apresentaram reações focais (40%) e
os outros dois casos foram inteiramente negativos
(40%). Miettinem e Lasota (2000), relataram que menos
de 5% dos tumores são positivos para desmina.
A proteína S_100 pode ser detectada focalmente nos GISTs.
54 Aproximadamente 10% são positivos para a proteína em questão,
34 Uma explicação plausível para esse evento é que um aspecto
de diferenciação mista complexa poderia estar
presente em alguns tumores gastrointestinais.
Outra possibilidade seria que a reação positiva
representaria uma hiperplasia das ramificações nervosas,
atrapalhando a análise. Em nossa avaliação, todos os
tumores apresentaram reação negativa.
De acordo com o Workshop para tumores estromais gastrointestinais realizado em junho de
2001, considerou-se que o tamanho e o índice mitótico
são os indicadores histológicos mais úteis para
o comportamento biológico futuro desses tumores, e
que isso varia de acordo com a localização do tumor.
O índice mitótico é feito pela contagem do número
de figuras de mitose em 50 HPF, e o resultado
expresso dessa forma. 4
O aspecto de infiltração da lâmina própria
pelo tumor, embora raramente identificado, é
considerado um critério útil de malignidade.
4, 53
Não houve consenso entre os patologistas
para definir uma lesão como benigna e maligna, de
baixo ou alto risco, até porque são lesões
sítio-específicas, dependem da localização do tumor.
4
Miettinen, Sobin e Sarlomo-Rikala (2000) relataram que tumores colônicos maiores do que 1
cm, com baixo índice mitótico (5 ou menos mitoses
por HPF), geralmente apresentam comportamento
benigno (embora dois pacientes tenham falecido da doença
em sua série). Tumores colônicos com 5 ou mais
mitoses por 50 HPF parecem uniformemente letais.
Em nossa casuística mostramos um caso de tumor de 9,5 cm, com mais de 5 figuras de mitose
por 50 HPF (paciente de número 10), que após
cirurgia local via anal apresentou recidiva local depois de
18 meses de acompanhamento pós operatório, sendo
então submetida a ressecção abdominoperineal de reto,
esse achado mostrando-se compatível com a literatura.
O que esperar da evolução do paciente
de número 11, que tem um tumor de 9,0 cm e menos de
5 mitoses / 50 HPF?
Só o tempo poderá nos dar essa resposta
já que, apesar de todos os exames
clínicos, histopatológicos, e imuno-histoquímicos
disponíveis no momento, essa questão não se encontra definida.
Pela revisão da literatura e avaliação dos
nossos casos, a cirurgia radical permanece o
tratamento cirúrgico de eleição, porque não conseguimos
definir precocemente, antes da cirurgia, qual o
potencial maligno dessas lesões. 49
Dos tumores mesenquimais, os leiomiomas da muscular da mucosa são de longe os mais
comuns. Apresentam em 100% dos casos CD117 e CD34
negativos e desmina e actina de músculo liso positivas.
33
Apresentamos cinco casos em nossa
casuística de leiomiomas da muscular da mucosa (dois de
reto, dois da junção reto-sigmoideana e um de ceco),
todos achados incidentais, semelhante ao observado
na literatura. 36
O único caso de GIST de cólon ocorreu
no cólon transverso, em acordo com a literatura, em
que 70% ocorrem no cólon transverso e cólon
esquerdo, em mulher de 55 anos (a média de idade é de
67 anos). 36
Não foram encontrados leiomiossarcomas
em nossa série. No entanto um único caso de
leiomioma da camada muscular própria foi confirmado à
histologia e à imuno-histoquímica, fato considerado raro, que
até Miettinen, Sobin e Sarlomo-Rikala (2000)
interrogam sua existência. Infelizmente, o acompanhamento
desse paciente não foi possível, pois faleceu pouco
depois do diagnóstico por adenocarcinoma metastático de
sítio indeterminado.
O tempo de acompanhamento em nossa série variou de 11 dias a 84 meses (média de 42 meses)
para o grupo de 11 lesões. Quando se fala
especificamente dos GISTs, variou de 3 a 36 meses (média de 19
meses e 15 dias), talvez porque quando o diagnóstico
de leiomioma era feito, o paciente recebia alta; nos
dois casos de tumores estromais, por serem casos
de diagnósticos mais recentes, o seguimento também
é recente.
No entanto, após diagnóstico de GIST
do paciente de número 7, o mesmo retornou para
avaliação clínica sem qualquer evidência de recidiva
neoplásica, e permanece em acompanhamento no HUCFF.
O período total de seguimento do mesmo passou a ser
de 480 meses (20 anos), após longo tempo
sem acompanhamento pelo Serviço de
Colo-Proctologia. De acordo com a literatura, o maior período livre
de doença foi de 17 anos. 15
O Imatinib mesylate, STI-571, comercialmente conhecido como Gleevec, um inibidor sintético
da tirosina kinase, apresenta-se como o início de
muitas opções terapêuticas que estão surgindo para
tumores previamente descritos como resistentes à
quimioterapia convencional, já que provaram ter um efeito
anti-tumoral utilizado para pacientes com GIST metastático ou
fora de possibilidade de tratamento cirúrgico.
3, 6, 8, 49
No momento, diferentes patologistas em diferentes instituições têm diferentes critérios
para malignidade, e isso com certeza não é uma
questão definida.
Considerações finais
Os poucos casos de tumores de origem muscular do trato gastrointestinal relatados
durante mais de um século na literatura, e com evolução
clínica tão inesperada em relação ao seu
comportamento biológico, mostram-se hoje, em sua maioria,
serem tumores diferentes histologicamente,
geneticamente e do ponto de vista imuno-histoquímico.
Fica claro, a partir desse estudo compreendendo 11 casos de tumores das camadas
musculares do cólon e reto em um período de 25 anos, que
o diagnóstico histológico de qualquer lesão da
camada muscular própria do trato gastrointestinal, é
dependente da avaliação imuno-histoquímica, sem a qual
a diferenciação de tumores de origem muscular lisa
e GISTs não é possível.
Através deste trabalho, adicionamos
à literatura cinco casos de leiomioma da muscular
da mucosa , um caso da camada muscular própria e
cinco GISTs, sendo que esses últimos tiveram
seus diagnósticos confirmados apenas após
avaliação imuno-histoquímica.
De acordo com a literatura não há
dúvida diagnóstica em relação aos leiomiomas originados
na muscular da mucosa. No entanto nesse estudo e
naquele relatado por Miettinen e Lasota (2001),
lesões localizadas na muscular própria mostraram ser em
sua maioria GISTs.
O diagnóstico de leiomioma é feito quando
a reação imuno-histoquímica é positiva para actina
de músculo liso e desmina e negativo para CD117 e
CD34, enquanto o diagnóstico de GIST é firmado quando
o CD117 reage positivamente, tornando-se o
anticorpo padrão ouro para seu diagnóstico. Outros
anticorpos como CD34, actina de músculo liso, desmina e
PTN S-100, mostram alguma variabilidade reacional.
Nesta série todos os GISTs evidenciaram reação positiva
para CD34, negativa para PTN S-100 e positividade
variável para actina de músculo liso e desmina.
Em vista de serem neoplasias raras e
sítio específicas, o critério de malignidade não é fácil de
ser definido. Se o tamanho da lesão, ou o índice
mitótico são os fatores mais importantes a serem levados
em consideração, só o tempo e um maior número de
casos corretamente diagnosticados irão definir.
O paciente de número 11 desta série,
com tumor de 9,0 cm em seu maior diâmetro e baixo
índice mitótico, bem clinicamente após tratamento
cirúrgico, exemplifica o caso típico da questão anterior.
O tratamento sugerido após revisão
da literatura permanece sendo a cirurgia radical.
SUMMARY: Colon and rectum smooth muscle tumours are rare and have clinical features. They arise in the muscle coats of the bowel as leiomyomas or leiomyosarcomas. Histologically the differentiation between benign and malignant may be difficult and causes problem to choose the best treatment. Recently, immunohistochemical techniques showed that many of these tumours had no smooth muscle differentiation and are actually GISTs. Gastrointestinal Stromal Tumours, GISTs, are histologically, immunohistochemically and genetically different from leiomyomas and leiomyosarcomas. We reviewed the records of the HUCFF in 25 years and found 11 lesions with a histological report of leiomyoma / leiomyosarcoma or intestinal stromal tumours. Five leiomyomas were in the muscularis mucosae. By the application of the immunohistochemical technique in tumours of the circular and longitudinal layers with the markers CD117, CD34, PTN S- 1000, smooth muscle actine and desmin, only one leiomyoma from the mural layer was confirmed and other five lesions were proved to be GISTs. Surgery is the best treatment because radiotherapy or chemotherapy are not effective. The Imatinibe mesylate, selective inhibitor of the tirosina kinase expressed in GISTs, can be the therapeutic option for metastatic GISTs or for those impossible to resect. The diagnosis and differentiation between leiomyomas, leiomyosarcomas and GISTs can only be made with the use of immunohistochemical thecnique, and a larger number of patients is necessary to define the best surgical treatment and the prognosis of these lesions.
Key words: Rectum neoplasms, Colon neoplasms, Leiomyoma, Leiomyiosarcoma, Stromal cells, Immunohistochemistry
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Endereço para correspondência:
Luciana Amaral de Retamal Marzán
Av. das Américas, 4666 / 308
Barra da Tijuca
22640-102 - Rio de Janeiro - RJ
Trabalho realizado no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho da UFRJ, Rio de Janeiro.