RELATO DE CASO
FRANCISCO EDUARDO SILVA
MARIO HENRIQUE ASCOLY
VIVIAN SCOFANO
NELSON ARAKAKI JR
OTAVIANO REIS
MIGUEL ARCANJO GIALUISI DA SILVA SÁ - TSBCP
SILVA FE, ASCOLY MH, SCOFANO V, ARAKAKI JR N, REIS O, SÁ MAGS.
Tumores Estromais Gastrointestinais _ Gist: Relato
de um Caso. Rev Bras Coloproct, 2004; 24(2): 159-164.
RESUMO: Os tumores estromais gastrintestinais foram por muito tempo confundidos com tumores originados de células do
músculo liso ou células nervosas do trato gastrintestinal. Com o advento da microscopia eletrônica e da imunohistoquímica e a
descoberta dos marcadores c-Kit (CD 117) e CD 34, hoje podemos diferenciá-los dos leiomiomas e leiomiossarcomas.
Os GISTs são mais freqüentemente encontrados no estômago, sem prevalência entre homens e mulheres, e
ocorrem principalmente na 6o década de vida. Recentemente com a supressão da tirosina quinase foram encontradas novas opções de
tratamento das metástases e da recidiva tumoral com o uso do STI-171.
Unitermos: tumores estromais gastrintestinais, leiomiomas, leiomiossarcomas
INTRODUÇÃO
Seguindo os trabalhos iniciais apresentados nos anos 40 de Stouts et cols, os tumores
mesenquimais originados no trato gastrintestinal foram
generalizados como oriundos do músculo liso e os termos
leiomiomas, leiomiossarcomas e leiomioblastomas foram
largamente usados para descrever tais tumores. Em
1984 Schldenbrand e Appelman inicialmente chamaram tumores estromais para referir coletivamente um
grupo de tumores mesenquimatosos que originalmente
teriam inúmeras nomenclaturas relacionadas a sua
origem neuronal ou miogênica. 7,5
Muitos destes tumores demonstraram algumas características típicas
de diferenciação de tumores da musculatura lisa e
foram referidos como leiomiomas e leiomiossarcomas.
Esta situação confusa foi perfeitamente esclarecida
e reestruturada quando uma revelação sobre mutação
na proteína c-KIT e sua expressão transformou
rapidamente este campo. O termo para gastrintestinal stromal
tumors (GIST) foi se difundindo, surgindo o interesse
em relação à sua histogênese e à dificuldade de
predizer seu comportamento maligno.
Os GIST são tumores viscerais incomuns
que se originam predominantemente no trato
gastrintestinal e durante três décadas muitos debates foram
realizados sobre sua nomenclatura, origem celular, diagnóstico
e prognóstico. Devido a sua similaridade com o
tumor do músculo liso, muitos foram confundidos
com tumores deste tecido, porém com o advento
da microscopia eletrônica e principalmente
da imunohistoquímica grandes mudanças
ocorreram. Grosseiramente os GISTs são descritos como massas
bem delimitadas que surgem na lâmina própria.
Por ter origem intramural eles freqüentemente se
projetam exofiticamente e/ou intraluminal podendo ulcerar
a mucosa, e seu diâmetro pode chegar a 30cm.
5
Os tumores mesenquimais são as mais
comuns neoplasias encontradas na submucosa intestinal
e compreendem cerca de 1% de todos os tumores do trato gastrintestinal. Os recentes estudos usando
a imunohistoquímica com marcadores moleculares
tem demonstrado que a origem celular desta neoplasia
é proveniente de células intersticiais de Cajal.
14
RELATO DE CASO
C.M.F., 73 anos, branco, casado, aposentado
e natural do estado do Rio de Janeiro. Relata que há
quatro meses iniciou um quadro de alteração do hábito
intestinal com episódios de constipação intestinal e fezes com
sangue. Evoluiu com emagrecimento, queda do estado geral e
há um mês começou a apresentar febre e
enterorragia. Procurou o ambulatório de Proctologia do
Hospital Municipal de Ipanema e o exame proctologico
evidenciou um abaulamento na parede posterior do reto a 6 cm
da margem anal, de consistência firme, imóvel e com a
mucosa íntegra, sugerindo abscesso. Foi encaminhado ao
centro cirúrgico e drenado com saída de material necrótico
que foi mandado para análise anátomo-patológica.
O exame histopatológico concluiu por
neoplasia maligna com áreas epitelióides e áreas fusocelulares,
e foi sugerido o estudo imunohistoquímico deste
material. O resultado do painel de anticorpos do exame
de imunohistoquímica mostrou: CD117 (c-Kit)
intensamente positivo, CD34 (QBEND 10, célula
hematopoética progenitora) positivo, HHF35 (actina muscular)
negativo, proteína S-100 negativo e Desmina negativo.
Concluiu-se que a positividade para CD34 e CD117 confirma
o diagnóstico de GIST (Tumor com potencial
para comportamento biológico agressivo de acordo com
o Workshop do National Institute of Health -USA.).
O paciente foi submetido a exames complementares pré-operatórios. A tomografia computadorizada
de abdome e pelve mostrou volumosa massa
sólida, ocupando a luz do reto e captante de meio do
contraste; plano de clivagem com as vesículas seminais e
próstata; ausência de linfonodos retroperitoneais. Foi solicitado
o exame de ressonância magnética da pelve para
avaliar invasão sacral em que se evidenciou volumosa
lesão expansiva de contornos lobulados, apresentando
sinal heterogêneo, predominantemente isointenso em
T1 e discretamente hipointenso em T2, com
captação irregular de meio de contraste
localizada excentricamente no reto inferior,
determinando redução da sua luz. Em seu quadrante
superior esquerdo a lesão apresentava nítido plano
de clivagem com a próstata e vesículas seminais,
sem evidência de linfonodomegalias.
Videocolonoscopia total demonstrou presença de lesão
infiltrante vegetante e ulcerada a cerca de 5 cm da margem
anal, ocupando ½ da luz intestinal.
No intra-operatório foi evidenciada uma grande massa em reto e nódulo hepático em
segmento 5. Foi realizada a cirurgia de Miles e ressecção
de lesão hepática. O resultado do exame
anátomo-patológico da peça operatória (Figuras-1 e
2) composta de reto, sigmóide, canal anal e pele
perianal foi: tumor estromal gastrintestinal com alto risco
de comportamento agressivo (tamanho: oito
centímetros e índice, mitótico > 5/50 HPF) compreendendo
o reto inferior e canal anal com limites
cirúrgicos livres. Tumor estromal gastrintestinal
metastático para o fígado. O paciente obteve alta hospitalar e
foi encaminhado ao ambulatório de Oncologia.
Figura 1 |
|
Figura 2 |
DISCUSSÃO E ATUALIZAÇÃO
NA LITERATURA
Por muitos anos se pensava que estes tumores se originavam do músculo liso e muitos
foram erroneamente classificados como leiomiomas, leiomioblastomas e leiomiossarcomas. Com
o refinamento dos meios de diagnóstico em
anatomia-patológica, suas células foram indicadas
como originadas do mesênquima e não células do
músculo liso.
São tumores imprevisíveis no
comportamento, a maioria é assintomática e descoberta
acidentalmente durante exame endoscópico e radiológico.
Geralmente ocorrem com igual freqüência entre homens e
mulheres e geralmente com idades acima de 50 anos.
São infrequentes no esôfago e muito mais comuns
no estômago onde são encontrados cerca de 67%.
No intestino delgado sua freqüência é em torno de
25%, sendo que 1/3 está presente no duodeno. No cólon
e reto está em torno de 10%. Já houve um caso
relatado de um pequeno tumor estromal na vesícula biliar
em uma mulher de 69 anos; também no mesentério,
omento e retroperitônio já foram encontrados.
10,16
Os GISTS podem se apresentar de variadas formas. Dependendo da sua localização e seu
tamanho, podem iniciar com um quadro de obstrução
intestinal, principalmente em locais como a cárdia, o piloro,
a válvula ileocecal e reto. Dor, perda de peso e
massas palpáveis estão associados com tumores grandes e
que muitas vezes sugerem malignidade, porém
GISTs grandes podem ser benignos e seu
diagnóstico diferencial no pré-operatório é bastante difícil.
Alguns tumores crescem tão rapidamente em relação a
seu suprimento vascular que podem levar a uma área
de necrose, ulcerando a mucosa adjacente e
causando quadros de melena e enterorragia.
O diagnóstico de GIST usualmente não
é possível por biopsias endoscópicas por causa de
sua localização submucosa e são bastante firmes.
A diferenciação entre tumores malignos e benignos
é difícil mesmo após a ressecção cirúrgica. Eles
se apresentam com grande espectro no que concerne
ao grau de malignidade, podendo ir desde tumores benignos até com alto grau de malignidade. Não
existe um consenso quanto a sua diferenciação,
embora muitos patologistas classificam o GIST somente
como de baixo risco e alto risco de malignidade,
sendo geralmente aceito que tumores <1cm são benignos e
> 5 são geralmente malignos. Os tumores de
intestino delgado se comportam mais freqüentemente como
mais agressivos que os de outros locais; entretanto
a malignidade do tumor vai depender do desenvolvimento de recorrência e metástases.
Vários fatores têm sido usados como forma de
diferenciação que incluem: tamanho do tumor; velocidade e
número de mitoses; necrose celular; aumento da
celularidade, atipia celular e invasão a órgãos adjacentes. O
mais recente workshop realizado pelo National Institute
of Health nos Estados Unidos em abril de 2001 ditou
uma nova regra de risco de comportamento agressivo
destes tumores através do tamanho do tumor e contagem
de figuras de mitoses, mostradas na Tabela-1.6
Tabela 1 - Proposta para Definir o Risco de Comportamento Agressivo do GIST
Risco de comportamento agressivo | Tamanho do tumor | Contagem de figuras de mitose |
Risco muito baixo | < 2cm | < 5/50 HPF |
Baixo risco | 2-5 cm | < 5/50 HPF |
Risco intermediário | < 5 cm | 6-10/50 HPF |
5-10 cm | < 5/50 HPF | |
Alto risco | >10 cm | Qualquer taxa de mitoses |
Qualquer tamanho | > 10/50 HPF | |
HPF = High _ power field |
Recentes estudos sugeriram uma relativa homogeneidade relatada na imunohistoquímica
e biologia molecular, porém histologicamente os
GISTS são de forma notável heterogêneos e
estão primariamente situados no interior da submucosa
e muscular própria, embora o predominante
envolvimento da serosa é uma característica de
tumores exofíticos.
O exame de imagem tem como objetivo avaliar invasão local ou detectar metástases à
distância. Pequenos tumores se apresentam como massas
bem delimitadas e intramurais; os maiores podem se apresentar como complexas massas com áreas de
necrose. O exame radiológico não é específico,
na radiografia simples sua contribuição é muito
pequena, o raio-X de tórax pode apresentar massa nas
partes moles abaixo 1/3 do mediastino que pode sugerir
tumor no esôfago. No abdome pode deslocar a
bolha de ar do estômago e alças intestinais e nos casos
de necrose pode apresentar ar no interior do tumor.
O exame contrastado com bário pode mostrar massa
com componentes exofíticos, com limites precisos por
ser um tumor intramural e extramucoso. Quando a mucosa que o cobre não está intacta por ulceração,
sendo mais comum no GIST maligno, há áreas de necrose
e cavitação e o bário pode preencher o interior da
massa. A tomografia computadorizada (TC) com
contraste oral e venoso é ideal para definir a extensão
exofítica e intramural do tumor. Ocasionalmente
pode apresentar calcificação focal. Em GISTS com
áreas de necrose há uma massa heterogênea com
bordos elevados e com densidade variada, área central
irregular com fluidos, ar e contraste oral. A TC também
é essencial para o diagnóstico de metátases no
fígado, pulmão, peritônio e lesões ósseas. O diagnostico
de GIST pelo TC pode ser sugerido por uma grande massa com áreas de densidades diferentes
com metástase à distância principalmente para fígado,
sem comprometimento linfonodal. Na
Ressonância Nuclear Magnética (RNM) o GIST pode
aparecer como uma massa heterogênea com áreas císticas
ou necróticas. A massa tende a ser isointensa em
relação ao músculo esquelético.
A ultrassonografia endoscópica tornou-se
uma imprescindível modalidade de imagem para
o diagnóstico clínico do GIST e sua diferenciação
das outras neoplasias submucosas. O GIST possui
uma aparência hipoecóica e pode ser visto originado
por quatro camadas endossonográficas hipoecóicas
na muscular própria. Geralmente se apresentam
como massa ovóide ou em formato elíptico e pode ser
multilobular ou pediculado. Muitos estudos vêm
tentando usar esta modalidade de exame para obter material
de biópsia no pré-operatório com uso de aspiração
por agulha fina guiado por ultra-som. Porém
existem algumas limitações para este procedimento:
1. São tumores muito firmes sendo necessário
usar força para penetrá-los;
2. O tumor pode apresentar no seu interior
material fibroso podendo dificultar a obtenção de
material celular para estudo;
3. O diagnostico de malignidade depende da histologia e arquitetura; mesmo se um
adequado material citológico for obtido por aspiração
de agulha fina, o confiável diagnóstico diferencial
de GIST benigno e maligno não pode ser feito;
4. O perigo de sangramento e derramamento de
material tumoral intra-peritoneal apresenta um
índice maior de mau prognóstico.
13
Existe uma grande dificuldade entre os patologistas no entendimento e tratamento dos
GISTs para traçar prognóstico de recorrência ou
metástases, metade dos tumores operados vão recidivar. O
tempo médio de recorrência está entre 1.5 a 2anos de
pós-operatório. Tumores volumosos e com grande
atividade mitótica estão associados com pior
prognóstico independente do sítio no trato gastrintestinal.
Uma variedade de técnicas diagnósticas
adjuvantes, incluindo a citometria de fluxo e a
imunohistoquímica, avaliam o ciclo celular e a expressão das proteínas
e estão sendo usados na tentativa de aprimorar a
acurácia e predizer resultados.
O diagnóstico é freqüentemente
suspeitado histologicamente porque a maioria dos GISTs
apresentam aparência uniforme dentro de
três categorias:
1. Células fusiformes (70%);
2. Células epitelióides (20%);
3. Células fusiformes e epitelióides.
Os GIST diferem dos leiomiomas e leiomiossarcomas histologicamente e
imunohistoquimicamente, pois os primeiros expressam CD34
e CD117 c-KIT proteína (72-94%). Estudos
recentes demonstraram mutação do c-KIT proto-oncogene
em alguns GIST, outras linhagens tumorais e em
alguns leucócitos. A proteína c-KIT expressa um receptor
de membrana que é a tirosina quinase. A
mutação oncogênica permite que o c-Kit receptor fosforile
vários substratos protéicos levando a uma ativação no sinal
de transdução em cascata no qual vai regular a
proliferação celular, apoptose, (quimiotaxia e adesão).
8,9
A imunohistoquímica mostrou muitos GISTS com marcadores para músculo liso e outros
com marcadores neuronais, ou com ambos os
marcadores ou com nenhum marcador e quase todos
expressam CD34. Apesar da grande positividade do KIT
(CD117) no GIST cerca de 60% a 70% mostram
positividade também para CD34. Outros antígenos que não
são específicos para GIST também mostram
positividade com 30 a 40% de imunopositividade para actina e
cerca de 5% para proteína S-100, porém positividade
para desmina é muito incomum, sendo mais comuns
nas lesões do músculo liso. A imunohistoquímica ajudou
a reafirmar o conceito de GIST como uma entidade
de tumores separados e com histogênese específica.
17
Nas últimas décadas muitos GISTS
foram avaliados (aproximadamente 60%) expressaram
CD34, que é um antígeno mielóide de células
progenitoras, um marcador não expressado no músculo
liso. Subseqüentemente foi demonstrado que a maioria
dos GISTS expressavam c-KIT (CD117), que é um
receptor tirosina quinase, que é largamente expressado
em células da linhagem hematopoética, mastócitos
e também nas células intersticiais de Cajal. As
células intersticiais de Cajal são células conhecidas
como "células marca-passo", pois apresentam a função
de controle da motilidade intestinal, e são encontradas
no trato gastrintestinal, e a sua relação com os GIST
é que ambos expressam CD34 e CD117, então
tais tumores podem ser originados destas células ou
podem ter um progenitor celular comum.
14,18 Alguns GISTS apresentam diferenciação neurogênica também
referida como "gastrintestinal autonomic nerve tumors
(GANT) que provém de uma ultra-estrutura distinta de
um subgrupo de tumores mesenquimais do trato gastrintestinal, porém dados sobre a sua biologia
molecular e citogenética são bastante limitados".
2
No caso clínico acima relatado o
diagnóstico só pôde ser dado após a imunohistoquímica,
mostrando a importância deste meio de diagnóstico e sugerindo
o prognóstico de acordo com o workshop realizado
em abril de 2001. O painel de anticorpos
demonstrou grande positividade do CD117 e CD34, afastando
tumor específico de musculatura lisa e assim
trazendo uma nova abordagem e um novo interesse no
estudo destes tumores, já que podemos classificá-los
numa nova linhagem de tumores.
CONCLUSÃO
Muitos GISTS demonstraram 68% a 90% expressão do c-KIT enquanto que uma
mutação adquirida no gene c-KIT mostra ser uma
nova característica do GIST. Pode ser um fato que
muitos GISTs derivem das células intersticiais de Cajal.
É indubitável que o c-KIT seja uma forma de
diagnostico proveitoso e que sua mutação mostra um
importante fator de implicação no prognóstico. A
mutação oncogênica permite que o c-KIT receptor
fosforile vários substratos protéicos, levando a ativação do
sinal de transdução em cascata no qual regula
a proliferação celular.
A mutação do c-KIT em um tumor GIST,
de um modo geral pode ser designado em dois grupos distintos, aqueles que envolvem a regulação de
regiões responsáveis pela modulação da atividade
enzimática do KIT (Regulatory-region KIT mutação) e
aqueles que envolvem a sua própria regulação enzimática
(enzymatic-region mutação). O critério para definir
lesões benignas de malignas não está bem claro devido
o fenômeno do inesperado ser bastante comum no
GIST e pode levar a termos como: "potencial
maligno incerto". Fatores como invasão da mucosa,
necrose tumoral e aumento da celularidade têm
mostrado estatisticamente estarem associados com comportamento maligno. O uso do termo
"benigno" tem seu uso reservado, com exceção de lesões
muito pequenas, geralmente 1 cm, encontradas
incidentalmente durante cirurgias abdominais e
outros procedimentos. Não mais que 50% das lesões
primárias apresentam recidiva nos primeiros cinco anos.
3
O prognóstico depende de certa forma do tamanho do tumor em relação ao sitio de
origem, porém o subtipo histológico ainda não está claro
sua participação em predizer recidivas. Muitos
autores apresentam pontos de vista diferentes em relação
ao prognóstico; alguns estudos sugerem que lesões
no esôfago e cólon apresentam maior potencial
maligno. Já estudos mais recentes mostram que os tumores
no esôfago são menos agressivos incluindo os
tumores do músculo liso. Infelizmente o sitio de origem
do tumor também não está estabelecido como
fator prognóstico. 4
A biopsia pré-operatória é usada, porém
deve-se ter o cuidado para não haver sangramento
e extravasamento do tumor. Muitas vezes a biópsia
é inconclusiva, principalmente para predizer se o
tumor é maligno ou benigno. O tratamento principal e
de escolha é cirúrgico. A técnica cirúrgica deve
ser meticulosa para prevenir a ruptura intraoperatória
do tumor, que está associada a um pior prognóstico.
A linfadenectomia não é realizada de rotina já
que metástase para os linfonodos é rara (cerca de 10%).
Após a ressecção primária, muitos
pacientes vão desenvolver recorrência e em alguns casos a
ruptura do tumor no intraoperatório vai levar a recorrência
no peritônio. A média de tempo de recorrência é de 1,5
a 2 anos, e os principais locais de recidiva são o
peritônio e o fígado, e nestes pacientes a chance de cura
com nova cirurgia é extremante baixa (<10%). No
caso relatado, o paciente apresentava um tumor de
alto comportamento agressivo (tamanho maior que 5 cm
e índice mitótico maior que 5/50 HPF) e também
já apresentava, no momento da primeira
cirurgia, metástase à distância. A ressecção cirúrgica pode
ser benéfica em alguns pacientes que
desenvolvem recorrência peritoneal, porém o índice de cura
destes pacientes é muito pequeno. A radioterapia não
está indicada nas metástases por causa de sua
distribuição geralmente difusa no peritônio e fígado. Pode ser
usada apenas para paliação, podendo reduzir a dor e
o desconforto tanto nas metástases do fígado como
nas recidivas pélvicas. 7
A recente introdução de uma nova terapia,
STI-571 (imatinib mesylate _ Gleevec; Norvartis.)
um inibidor seletivo da tirosina quinase expressa
na proteína c-Kit apresenta um efetivo tratamento
nos casos de recorrência e metástases. Por causa das
poucas opções terapêuticas efetivas nos casos de recidiva
do GIST, essas lesões foram abandonadas ou
pouco estudadas. Com a introdução do STI-571houve
um ressurgimento do interesse nestas lesões tanto
nos Estados Unidos quanto na Europa. 6
,11 No Brasil já dispomos desta medicação para uso em
casos selecionados de metástases e recidivas.
SUMMARY: The Gastrointestinal estromal tumors (GIST) had been misunderstood as smooth muscle cells tumors or
gastrointestinal nervous cells. By electron microscopy and immunohistochemistry and using c-Kit (CD117) and CD 34 we can
differentiate these tumors from leiomyoma and leiomyosarcoma.
The GIST is most frequently found on the stomach, without prevalence between men and women, after
6th decade. Nowadays, with the suppression of tyrosine Kinase, we found new options in the treatment of their metastasis and
recurrence.
Key words: Gastrointestinal estromal tumors, leiomyoma, leiomyosarcoma
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Endereço para correspondência:
Hospital Municipal de Ipanema
Rua Antônio Parreiras, 67 Sl 510 - Serviço de Colo-Proctologia
Ipanema - Rio de Janeiro (RJ)
Trabalho realizado no Hospital de Ipanema - Rio de Janeiro - RJ