OPINIÕES E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
PROLAPSO DO RETO
ASPECTOS CLÍNICOS E CIRÚRGICOS
1Júlio César Monteiro Santos Jr.
1Hospital Maternidade Frei Galvão
- Guaratinguetá, SP
SANTOS JR. JC. Prolapso do Reto Aspectos Clínicos e
Cirúrgicos. Rev bras Coloproct, 2005;25(3): 272-278.
RESUMO: O prolapso retal é um transtorno da estática do reto e se manifesta pela invaginação oculta ou visível, quando há
saída de segmento variável do reto pelo ânus. Trata-se de uma anomalia relativamente incomum, incapacitante e de etiologia
pouco conhecida, para que concorre uma multiplicidade de fatores de diferentes patogenias. É mais freqüente na mulher idosa, com
pico acima dos 60 anos de idade, mas pode ser visto na criança, mais comum nos meninos que nas meninas e nos adultos do
sexo masculino, com distribuição semelhante em diferentes faixas etárias, em geral mais jovens que nas mulheres. O tratamento
é invariavelmente cirúrgico e, para tanto, dispomos de mais de uma centena de técnicas que objetivam corrigir o prolapso e
restaurar a função anorretal.
Essas técnicas podem ser divididas em dois principais grupos de procedimentos mais usados: os primeiros são aqueles
que abordam o problema por via perineal e, os segundos, em que a abordagem é feita por via abdominal, seja por meio das
laparotomias ou das vídeos-laparoscopias, envolvendo operações de maior ou menor liberação e fixação do reto, com ou sem a
retossigmoidectomia complementar. A multiplicidade de procedimentos cirúrgicos atesta o fato de que nenhum deles satisfaz plenamente.
Descritores: prolapso do reto, procidência do reto, incontinência anal, constipação intestinal, retopexia abdominal, retossigmoidectomia perineal.
Conceito, fisiopatologia e etiologia
Prolapso do reto significa a saída completa
ou "parcial" desse segmento do intestino grosso pelo
ânus, podendo ser aparente ou oculto.
Pelo que está convencionado, usa-se,
segundo escrito por Goligher1, o termo procidência (descida
de alguma parte do corpo para fora do seu lugar -
sinônimo de caída ou de prolapso) para diferenciar o
prolapso completo (toda a espessura da parede do reto)
do incompleto ou "parcial" em que somente a mucosa
sai pelo canal anal.
Seria preferível que fosse convencionado
dizer prolapso da mucosa do reto e prolapso do reto,
para que termos com os mesmos significados não
fossem usados para expressar situações diferentes. Por
outro lado, incompleto poderia pressupor a saída
incompleta do reto, ou seja, apenas a metade do reto e
completo quando o reto inteiro saísse pelo ânus. Ainda
assim, teríamos que adjetivar para melhor classificar o
fato, naquelas situações em que o evento é oculto,
porque não houve a saída pelo ânus, seja do reto ou da
mucosa do reto.
Wexner e col.2 definem o prolapso como
sendo uma invaginação do reto que pode ser classificado
em oculto (interno), mucoso e completo. O oculto
(ou interno) para definir a situação em que não há a
saída pelo ânus; mucoso para definir a saída apenas
da mucosa e, completo, quando há a saída de toda
a espessura do reto, quando, então, não importa
que tamanho é o segmento exposto pelo ânus. Todos
esses transtornos _ topográfico ou da estática retal
_ compõem a síndrome do prolapso retal, que, com
as variantes expostas, estão consagrados na
conceituação e na classificação da anomalia.
Não se trata de alteração muito comum - é
de fisiopatologia pouco esclarecida, com vários
fatores associados, podendo ocorrer em qualquer
idade, embora se espere sua maior incidência no
paciente idoso _ mas é importante por ser uma
doença intolerável.
Na criança aparece nos primeiros três anos
de vida, mais comum nos meninos que nas meninas, contrário do que ocorre no adulto em que 85%
dos pacientes com prolapso do reto são mulheres, com
uma outra diferença interessante _ nos homens o
prolapso ocorre em faixas etárias mais jovens e a distribuição
é semelhante nos diferentes segmentos de idades,
com maior número na segunda e terceira década da
vida; mas nas mulheres a incidência, muito maior, é após
a 5ª. década (60 anos de idade em
diante)3 , não havendo diferença se são multíparas ou não. Quarenta e
três por cento das mulheres com prolapso retal
são nulíparas3.
O prolapso retal da criança e do adulto
tem vários fatores associados que podem ser reunidos
nas seguintes condições:
1. Condições que aumentam a pressão
intra-abdominal
a. Constipação
b. Diarréia
c. Hipertrofia benigna da próstata
d. Doença pulmonar obstrutiva crônica
e. Fibrose cística
f. Tosse crônica.
2. Condições de transtorno da função
do assoalho muscular da pelve
3. Condições decorrentes das
infecções parasitárias intestinais
a. Amebíase
b. Esquistossomíase, etc
4. Condições associadas aos
aspectos anatômicos
a. Anatomia da pelve infantil
b. Profundidade do fundo de saco de Douglas
c. Má fixação posterior do reto
d. Reto e sigmóide redundantes
5. Condições neurológicas
a. Trauma pélvico-lombar
b. Síndrome da cauda eqüina
c. Tumores espinais
d. Esclerose múltipla
6. Condições nutricionais
Todas elas, principalmente as que dizem respeito ao paciente adulto, seriam fatores
que predisporiam ao prolapso que tem sido explicado,
do ponto de vista de origem patológica, por uma de
duas sobreviventes e antigas teorias: a primeira,
proposta por Moschocowitz 4, data de 1912, em que o
prolapso nada mais seria que uma hérnia de
deslizamento, ocorrendo através de um defeito na fáscia
pélvica observável pelo aspecto anormalmente fundo do
saco retrovesical ou retrouterino constante na maioria
dos pacientes com prolapso retal. A segunda, ainda que
mais recente, foi proposta por Broden e
col.5, em 1968 e depois ratificada por Theuerkauf e
col.6 na demonstração de que o prolapso se inicia por
uma simples invaginação do reto médio ou alto.
Uma e outra despertaram opiniões controversas e é possível que os dois processos sejam
os mesmos com diferentes fatores concorrentes, englobando os referidos aspectos anatômicos
do assoalho pélvico, perda da fixação retal,
menor curvatura sacral, deteriorada função da
musculatura esfincteriana, voluntária e involuntária,
distúrbio funcional da capacidade retal e
continência anormal7,8, mesmo que esses últimos elementos
não estejam sempre presentes quando se detecta
o prolapso e que talvez sejam perturbações
decorrentes e não provocadoras do
prolapso9-12. De qualquer maneira, o prolapso existe, ocorre por
uma invaginação sigmóide-retal ou reto-retal, incide
mais em mulheres acima dos 60 anos; é muito
menos comum nos homens, mas com
distribuição semelhante em diferentes faixas etárias que
estão bem abaixo das observadas nas mulheres; o
número de gravidez e partos normais como fortes
fatores causais não merecem destaques especiais, já
que metade das mulheres com prolapso são
nulíparas. Além disso, muitas das alterações anatômicas
e fisiológicas do assoalho muscular da pelve e
do complexo esfincteriano ano-retal, já citados,
outrora considerados como fatores coadjuvantes, são
alvos controversos7,13,14 e podem ser, ao contrário,
apenas conseqüências do
prolapso15. Por outro lado, há a associação com a constipação intestinal
registrada como presente, de maneira variável, em 25 a
50% dos pacientes 3,8,16,17. Apesar da multiplicidade
das condições que estão envolvidas com o prolapso,
é possível observar e distinguir, clinicamente,
dois quadros anatômicos: um associado à
debilidade física e funcional dos músculos do assoalho
da pequena bacia, incluindo o complexo
esfincteriano ano-retal e, outro, associado ao esforço,
afetando jovens nulíparas e, excepcionalmente,
homens jovens. Nesses pacientes o períneo é normal, e
o esfíncter é continente. Nesses casos, o que se
observa são o reto e o sigmóide alongados. Esses
dois quadros diferenciam-se facilmente pela idade, característica física e simples exploração clínica
dos pacientes.
Na maioria das vezes as alterações
- anatômicas e fisiológicas _ existem e são elas
que agregam sinais e sintomas, orientam para o diagnóstico e, em última análise, é óbvio,
determinam o tratamento.
História clinica: sinais e sintomas e diagnóstico
A história clínica envolve uma pessoa do
sexo feminino comumente acima dos 60 anos de idade
_ 50% delas sofrendo de constipação intestinal de
longa data.3,16-18.
Os sinais e sintomas do prolapso estão
na dependência do estágio de desenvolvimento
da anomalia. É provável que o esforço para defecar,
a sensação de plenitude retal e de evacuação
incompleta (precedidos de ou junto com cólica), a descarga
de muco e, às vezes, de pequena quantidade de
sangue estejam associadas com a fase inicial do
prolapso, época em que o fenômeno é oculto.
A sensação de ânus protruso, ou de
protrusão de tecido através do canal anal,
frequentemente confundido com hemorróidas, a incontinência fecal
_ presente em 30 a 80% dos
pacientes13,19, a
escoriação perianal, sensação persistente de pressão e peso no
reto caracterizam o prolapso parcial ou total do reto
O prolapso manifesto é de fácil
diagnóstico. O paciente relata a sensação de protrusão de
tecido através do ânus, frequentemente confundido
com hemorróidas, principalmente no caso do
prolapso mucoso (parcial) e nas primeiras manifestações
do prolapso total. Na maioria dos pacientes, com o
passar do tempo e o estabelecimento da anomalia surgem
as conhecidas conseqüências associadas à
frouxidão perineal e alargamento do canal anal com a
herniação ocorrendo mais facilmente e com maior
intensidade. O prolapso persistente provoca modificações
locais como escoriação da pele perianal, prurido,
descarga de muco ou sangramento.
O exame físico é o único
formalmente indicado para o diagnóstico. Qualquer outro tipo
de investigação caracteriza a busca de doenças
que podem, eventualmente, estar associadas ao
prolapso, mas os exames acrescentados, também, são feitos
para planejar o tratamento. Exame
endoscópico, radiológico, defecográfico e manométrico são
os auxiliares de primeira ordem20-23 ;
podem, eventualmente, ser dispensados, mas, também,
podem ser acrescidos de outros, como estudos neurofisiológicos que testam a latência
motora terminal dos nervos pudendos (atividades motoras
do esfíncter externo e dos músculos
pélvicos)24,25 e estudos ultra-sonográficos de aspectos
morfológicos do complexo esfincteriano do
ânus26, principalmente quando a incontinência se associa ao prolapso,
todos eles contribuindo muito pouco ou quase nada
para com o conhecimento sobre a etiologia da doença
e, portanto, com pouca possibilidade de
acrescentar aquilo que necessitaríamos saber para o
seu tratamento, haja visto que, com o que se dispõe
para o estudo desses pacientes, o número de
operações descritas para a abordagem da anomalia, que
já ultrapassou uma centena de técnica,
continua aumentando, nítido significado de que não foi
ainda definido o método cirúrgico
ideal.17,27-29. Assim, como ocorre na maioria das vezes, a operação acaba
sendo individualizada na dependência do perfil do
médico, sua ilustração, sua experiência e do perfil do
paciente, sobretudo deste, de sua condição física,
doenças associadas, idade e outros fatores que contribuem
para o maior ou menor risco cirúrgico.
Avaliação clínica do prolapso
Foge do escopo desse manuscrito a abordagem do que não seja, exclusivamente, relacionado com
os procedimentos operatórios _ a técnica e a
tática cirúrgica _ usadas para o tratamento do prolapso
retal, no adulto. Assim, sob o termo avaliação clínica
do prolapso vamos dar significado para os fatores
que, eventualmente associados, criam maiores
condições para o aparecimento do prolapso, sua persistência
e aumento.
O exame local, a identificação da anomalia
e sua classificação (oculto, mucoso ou total)
são procedimentos obrigatórios antes do
planejamento cirúrgico. Hemorróidas, úlceras solitárias,
neoplasias benignas, neoplasias malignas, cistocele,
incontinência urinária, retocele, enterocele, prolapso vaginal e
uterino ou qualquer tipo de hérnia perineal são doenças
que devem ser afastadas, para que o prolapso fique claramente definido, sem nenhum outro
fator patológico associado. A presença eventual de
qualquer outro tipo de doença obriga o tratamento
concomitante ou separado3,15,18.
Tratamento cirúrgico do prolapso do reto
Preservar ao máximo, mutilar ao
mínimo, reconstruir com perfeição e mantendo as funções _
eis a questão.
No caso do prolapso retal, para a escolha da melhor operação, sem a preocupação com a
tática operatória a ser usada, mas com a finalidade
do tratamento, teríamos dois grandes grupos de
técnicas sobre os quais recairá a preferência de um ou de
outro cirurgião que, protegendo o paciente, buscará, é
lógico, pelo procedimento que, contemplando o
objetivo estabelecido de corrigir o prolapso, restaurando
da melhor maneira possível a função anorretal,
apresente a menor recidiva O dilema, para tanto, fica
entre estreitar, embrulhar, suspender, fixar, apertar num
anel, plicar ou ressecar.30
Essas técnicas podem, então, ser
assim agrupadas:
I. Operações por via perineal
a. Construção de anéis,
no subcutâneo, ao redor do canal anal ou acima da junção
ano-retal (Thiersch e variantes)31
b. Plicatura retal com retirada do excesso da mucosa
(Delorme) 32
c. Retossigmoidectomia perineal com plástica dos
esfíncteres externos33,34
II. Operações por via abdominal, (aberta
ou videolaparoscópica)
a. Retopexias sem sigmoidectomias _ fixação
sacral35-37
b. Retopexias com sigmoidectomias ou
c. Retopexias com outras
técnicas17
O grande dilema é que, na maioria das
vezes, as propostas operatórias disponíveis nesses grupos
não são capazes de contemplar todos aqueles objetivos.
Esses aspectos, aliados à baixa freqüência de incidência
do prolapso e ao grande número de opções cirúrgicas,
dão forma a um conjunto de dados impróprios para
análises mais refinadas e conclusões definitivas que possam
ser usadas para subsidiar de maneira contundente as
razões de escolha de um ou outro tipo de operação.
Estudos recentes de revisão sistemática
e metanálise38,39 apontam para a impossibilidade
de identificar ou refutar diferenças clínicas
relevantes entre alternativas cirúrgicas usadas para o
tratamento do prolapso e sugerem ensaios prospectivos
e casualizados, com metodologia adequada,
envolvendo grupos maiores de pacientes com o propósito de se
criar evidências que definam o melhor tipo de operação
para a cura do prolapso retal. Uma das razões para
essas ocorrências é o fato do delineamento cirúrgico
ser individualizado e empregado com critérios pessoais
que salientam, como disse Kim e col.3, a
impossibilidade de uma resposta simples e universal que satisfaça
à questão sobre qual é a melhor operação para o
prolapso do reto, o que então faz com que a decisão final
seja fruto de um planejamento de caráter individual, de
tal maneira que são várias as técnicas escolhidas para
um contingente não muito grande de pacientes.
Os procedimentos mais usados, principalmente para os que fazem suspensão e fixação do reto,
salvo melhor juízo, conduzem a resultados
semelhantes3,14-16,18,20-22,40-46 no que diz respeito à baixa recidiva e
à significativa persistência de constipação.
Independente desses aspectos, a tendência
é buscar métodos diferentes para diferentes
pacientes, mesmo que com idênticos problemas.
Assim, o acesso perineal para o tratamento do prolapso seria determinado pela idade e sexo
do paciente, o estado geral de saúde, risco cirúrgico,
a concomitância ou não de outras doenças, a
habilidade e preferências pessoais do cirurgião ou da equipe,
entre outros2. O acesso abdominal, com esses
mesmos critérios, seria escolhido para pacientes mais
jovens, em melhores condições físicas e estado de saúde,
de menor risco cirúrgico e sem doenças associadas.
Entre as primeiras, a operação de Thiersch,
que apenas esconde o problema, tem sido abandonada e
as modificações, tais como as propostas por
Notaras31 , não são de uso corrente, razão porque
julgamos desnecessário destacá-las. As outras são a operação
de Delorme32, considerada simples, mas com alto
índice de recidiva, em geral precoce, mas não tão associada
à constipação, como ocorre com as
retopexias abdominais45-47; e a operação de Altemeir
33,34. A operação de Delorme tem, também, a
aparente vantagem de melhorar a
incontinência47.
A operação de
Altemeir33,34 - retossigmoidectomia perineal _ dá oportunidade para solucionar
o problema do prolapso ao mesmo tempo em que
permite corrigir defeitos quando se associa plástica
de reconstrução do assoalho
pélvico2. Tem o inconveniente de ressecar o reto (paciente fica sem o reservatório
retal) e deixar uma anastomose a apenas 2 cm acima da
linha pectínea, mesmo assim com continência comparável
às observadas nas operações por via abdominal, mas
com índice de recidiva alto, que pode ir até
58%48-50.
As operações por via abdominal _ com ou
sem retossigmoidectomia ou sigmoidectomia -
consistem em dissecção do reto subperitoneal, sua tração e
fixação nas estruturas pélvicas, em geral na concavidade
sacral ou no promontório do lombo-sacro, feita por
sutura direta35 ou por meio de próteses
sintéticas36 (Ivalon ou Marlex) ou biológicas (pericárdio
bovino51 e
dura-máter42). Elas estão associadas a maior incidência
de constipação intestinal e a uma menor recidiva do
que os procedimentos feitos por via perineal.3,52
As retopexias com ressecções (operação
de Frykman-Godeberg37) são opções para os casos
de prolapso total em que os cólons são redundantes.
Nessa situação o descolamento retal é mais amplo, o que
põe em maior risco a trama nervosa perirretal,
mormente os nervos erigentes, pertencentes ao sistema
nervoso autonômico. Todos os métodos que usam a
abordagem abdominal podem ser feitos por meio da
vídeo-laparoscopia e, portanto, com todas as
vantagens inerentes a essa tática operatória e
resultados semelhantes aos obtidos pela via
aberta.52-54.
O reparo laparoscópico segue os mesmos princípios básicos da operação aberta com as
mesmas variadas e diferentes técnicas conhecidas para
suspender, fixar, embrulhar ou ressecar segmentos
reto-cólicos, acrescentando, como foi dito, as vantagens do
método2.
Recentemente, D'Hoore e col.52 , com argumentos contrários às técnicas que envolvem
amplos descolamentos retais, não só por estarem associadas
a altas incidências de constipação pós-operatória,
como também às complicações advindas de lesões de
estruturas nervosas perirretais; descreveram um procedimento
para ser desenvolvido por vídeo-laparoscopia que
consiste na suspensão ventral do reto, do fundo de saco
retro-uterino e da cúpula vaginal, com reforço do septo
reto vaginal, sem a mobilização do reto, portanto sem
invadir o espaço retro retal abaixo dos folhetos pélvicos
do peritônio, para obter resultados, no que diz respeito
aos efeitos sobre a recidiva do prolapso e
incontinência, comparáveis aos obtidos pelas técnicas de
sacro-fixação do reto, mas melhores em relação à
constipação intestinal.52
Conclusão
Apesar de todo conhecimento e
experiência adquiridos ao longo de muitos anos com o
tratamento cirúrgico do prolapso retal, a seleção do
procedimento mais adequado continua sendo um problema para
o cirurgião, que acaba escolhendo a tática e a
técnica que melhor se ajustam ao perfil do paciente a
ser tratado, para correr o risco de ver que a escolha
nem sempre é a que, satisfazendo melhor os aspectos
físicos e mecânicos do problema, satisfaz também
plenamente os aspectos funcionais.
SUMMARY: The rectal prolapse is an upset of the static of the rectum and occurs by occult or visible intussusception with
the rectum extending beyond the anal canal. It is a relatively uncommon socially disabling anomaly with a little known aetiology
and pathophysiology, so that a multiplicity of factors of different pathological features has been associated with its development. It
is more frequent in the elderly woman, with pick above 60 years of age, but it can be seen in the child, more common in the boys
that in the girls and in the adult men, with similar distribution in different age groups, in general younger than in the women.
The treatment is invariably surgical and, for so much, we have more than a hundred of techniques that aim at
correcting the prolapse and recuperating the anorectal function.
Those techniques can be divided in two main groups of more used procedures: the first ones are those in which we use
the perineal approach and the seconds are those in which the approach is made by abdominal road, being through laparotomies
or laparoscopic surgery, involving operations with larger or smaller liberation and fixation of the rectum with or without
complementary large bowel resection (rectosigmoidectomy). The multiplicity of surgical operations used nowadays testifies the inability of any
technique to provide an adequate
solution47.
Key words: Surgery, rectal prolapse, abdominal rectopexy, perineal rectosigmoidectomy, constipation, fecal incontinence
Referências Biliográficas
1. Goligher JC, Ed. Surgery of the anus, rectum and, colon.
5th Ed. 1984 _ Prolapse of the rectum 246-284.
2. Wexner SD, Cera SM. Section 4 _ Alimentary Tract and
Abdomen; section 32 - Procedures for rectal prolapse. In
ACS Surgery Principles and practice. 2004 WebMD, Inc.-
http://www.acssurgery.com/acs home.htm
3. Kim DS, Tsang CBC, Wong D, et al. Complete rectal
prolapse. Evolution of management and results. Dis Colon
Rectum, 1999;42:460-69.
4. Moschocowitz AV. The pathogenesis, anatomy and cure
of prolapse of the rectum. Surg Gynecol Obstet 1912;15:7-21.
5. Broden B, Snellman B. Procidentia of the rectum studied
with cineradiography: A contribution to the discussion of
causative mechanism. Dis Colon Rectum 1968;11:330-347.
6. Theuerkauf FJ Jr., Beahrs OH, Hill Jr. Rectal
prolapse: Causation and surgical treatment. Ann Surg
1970;171:819-25.
7. Neill ME, Parks AG, Swash M Physiology studies of the
anal sphincter musculature in fecal incontinence and
rectal prolapse. Br J Surg 1981;68:531-36.
8. Metcalf AM, Loening-Baucke V. Anorectal
function defecation dynamics in patient with rectal prolapse. Am J
Surg 1988;155:206-10.
9. Parks AG, Porter NH, Hardcastle J. The syndrome of
the descending perineum. Proc R Soc Med 1966;59:477-82.
10. Parks AG, Swash M, Urich H. Sphincter denervation in
anorectal incontinence and rectal prolapse. Gut 1977;18:656-665.
11. Spencer RJ. Manometric studies in rectal prolapse. Dis
Colon Rectum 1984;27:523-25.
12. Jarrett ME, Matzel KE, Stosser M, et al. Sacral
nerve stimulation for fecal incontinence following surgery for
rectal prolapse repair: a multicenter study. Dis Colon
Rectum 2005;48:1243-48.
13. Keigley MRB, Shouler PJ. Abnormalities of colonic
function in patients with rectal prolapse and fecal incontinence. Br
J Surg 1984;71:892-95.
14. Gordon PH. Rectal procidentia. In Gordon PH,
Nivatvongs S. Principles and Practice of Surgery for the Colon,
Rectum, and Anus. St Louis, Missouri: Quality Medical
Publisher, 1992:449-81.
15. EU KW, Seow-Choen F. Functional problems in adult
rectal prolapse and controversies in surgical treatment. Br J
Surg 1997;84:904-11.
16. Madoff RD, Williams JG, Wong WD, et al.
Long-term functional results of colon resection and rectopexy for
overt rectal prolapse. Am J Gastroenterol 1992;87:101-4.
17. Williams NS, Giordano P, Dvorkin LS, et al. External
pelvic rectal suspension (The express procedure) for
full-thickness rectal prolapse: evolution of a new technique. Dis
Colon Rectum 2005;48:307-16.
18. Madden MV, Kamm MA, Nicholls RJ, et al.
Abdominal rectopexy for rectal prolapse: prospective study
evaluating changes in symptoms and anorectal function. Dis
Colon Rectum 1992;35:48-55.
19. Schultz I, Mellgren A, Dolk A, et al. Continence is
improved after Ripstein rectopexy. Different mechanism in
rectal prolapse and rectal intussusception? Dis Colon
Rectum 1996;39:300-6.
20. Yoshiota K, Hyland G, Keighley MRB. Anorectal
function after abdominal rectopexy: parameters of predictive
value in identifying return of continence. Br J Surg
1989;76:64-8.
21. Sayfan J, Pinho M, Alexander-Williams J, Keighley
MRB. Sutured posterior abdominal rectopexy with
sigmoidectomy compared with Marlex rectopexy for rectal prolapse. Br J
Surg 1990;77:143-45.
22. Farouk R, Duthie GS, Bartolo DCC, McGregor
AB. Restoration of continence following rectopexy for
rectal prolapse and recovery of the internal anal
sphincter electomyogram. Br J Surg 1992,79:439-40.
23. Farouk R, Duthie GS, Bartolo DCC, McGregor AB.
Rectoanal inhibition and incontinence in patients with fecal
prolapse. Br J Surg 1994,81:743-46.
24. Percy JP, Neil ME, Swash M, Parks AG.
Electrophysiological study of motor nerve supply of pelvic floor. Lancet
1981;1:16-17.
25. Birnbaum EH, Stamm L, Rafferty JF, et al. Pudendal
nerve terminal motor latency influences surgical outcome
in treatment of rectal prolapse. Dis Colon Rectum
1996;39:1215-21
26. Dvorkin LS, Chan CLH, Knowles CH, et al. Anal
sphincter morphology in patients with full-thickness rectal
prolapse. Dis Colon Rectum 2004,47:198-203.
27. Northover J. Invited Editorial _ in Kim DS, Tsang CB,
Wong WD, et al. Complete rectal prolapse _ Evolution
of management and results. Dis Colon Rectum
1999;42:460-69.
28. Sáenz EV, Hernández-Magro PM, Álvarez-Tostado JF.
Helicoidal suture: alternative treatment for complete
rectal prolapse in high-risk patients. Int J Colorectal Dis
2003;18:45-49.
29. Di Giorgio A, Biacchi D, Sibio S, et al. Abdominal
rectopexy for complete rectal prolapse: preliminary results of a
new technique. Int J Colorectal Dis 2005;20:180-89.
30. Kuijpers HC. Treatment of complete rectal prolapse: to
narrow, to wrap, to suspend, to fix, to encircle, to plicate or to
resect? World J Surg 1992; 16:826_30.
31. Notaras MJ The use of Mersilene mesh in rectal
prolapse repair. Proc R Soc Med 1973;66:684-86.
32. Delorme E. Sur le traitement des prolapsus du rectum totaux
par l'excision de la muqueuse rectale ou retocolique.
Bull Mem Soc Chir1900;26:499-518.
33. Altermeier WA, Culbertson WR, Showengerdt C, Hunt
J. Nineteen year's experience with the one-stage perineal
repair of rectal prolapse. Ann Surg 1971;173:996-1006.
34. Williams J, Rothenberger D, Madoff R, Goldeberg
S. Treatment of rectal prolapse in the elderly by
perineal rectossigmoidectomy. Dis Colon Rectum 1992;35:830-34.
35. Cutait D. Sacro-promontory fixation of the rectum
for complete prolapse. Proc R Soc Med 1959;52(suppl)105.
36. Wells C. New operation for rectal prolapse. Proc R Soc
Med 1959;52:602-3.
37. Frykman HM, Goldeberg SM. The surgical treatment of
rectal procidentia. Surg Gynecol Obstet 1969;129:1255-30.
38. Bachoo P, Brazzelli M, Grant A. Surgery for complete
rectal prolapse in adults. Cochrane Database Syst
Rev 2000;(2):CD001758.
39. Bazzelli M. Surgery for complete rectal prolapse in
adults. From Cochrane Review Abstracts; 2005
http://www.medscape.com/viewarticle/485811
40. Kairaluoma MV, Viljakka M, Kellokumpu IH. Open
vs. laparoscopic surgery for rectal prolapse _ A
case-controlled study assessing short-term outcome. Dis Colon
Rectum 2003;46:353-360
41. Campos FCGM, Corrêa PAFP, Averbach M, Cutait R.
Técnica e resultados do tratamento da procidência retal por
vídeo-laparoscopia. Rev Bras Coloproctol 2004;24:385-395.
42. Guimarães, AS, Aprilli F, Santos JCM e Gomes DR.
Sacro-fixação com dura-máter homóloga conservada em
glicerina para tratamento da procidência do reto. Rev Col
Bras Cirurgiões 1985;12:18-20.
43. Silva JH, Formiga GJS, Gimenes MAF, et al. Procidência
retal: estudo retrospectivo do tratamento cirúrgico. Rev
Bras Coloproctol 1997;17:242-44.
44. Sobrado C W, Kiss DR, Nahas SC, et al. Surgical
treatment of rectal prolapse: experience and late results with 51 patients
Rev Hosp Clin Fac Med Univ Säo Paulo 2004;59:168-171.
45. Raftopoulos Y, Senagore AJ, Di Giuro G. Bergamaschi
R Recurrence rates after abdominal surgery for complete
rectal prolapse: a multicenter pooled analysis of 643
individual patient data. Dis Colon Rectum 2005;48:1200-6.
46. Shamim SM; Hameed K. Surgically treated rectal
prolapse: experience at a teaching hospital. J Pak Med
Assoc 2005;55:247-50
47. Watts AMI, Thompson MR. Evaluation of
Delorme's procedure as a treatment for full-thickness rectal prolapse.
Br J Surg 2000;87:218-222.
48. Porter N. Surgery for rectal prolapse. Br Med J 1971;3:113.
49. FriedmanR, Mugga-Sullam M, Freund HR. Experience
with the one stage perineal repair of rectal prolapse. Dis
Colon Rectum 1983;26:798-91.
50. Johansen OB, Wexner SD, Daniel N, et al.
Perineal rectossigmoidectomy in the elderly. Dis Colon
Rectum 1993;36:767-72
51. Braile DM, Leal JC, Godoy MF, Braile MCV, Paula Neto
A. Substituição valvar aórtica por bioprótese de
pericárdio bovino: 12 anos de experiência. Rev Bras Cir
Cardiovasc 2003;18:217-20
52. D'Hoore. A, Cadoni R, and Penninckx F. Laparoscopic
ventral rectopexy for total rectal prolapse: long-term outcome. Br
J Surg 2004; 91: 1500_1505.
53. Correa PACP, Averbach M, Cutait R. Técnica e resultados
do tratamento da procidência retal por vídeo-laparoscopia.
Rev Bras Coloproctol 2004;24:385-95.
54. Lindsey I, Cunningham C. Surgical treatment of rectal
prolapse. Br J Surg 2004;91:1389.
Endereço para correspondência:
Instituto de Medicina
http://www.inst-medicina.com.br
Júlio César M Santos Jr.
Av. Min. Urbano Marcondes, 516
12515-230 Guaratingueta, SP
Recebido em 14/08/2005
Aceito para publicação em 05/09/2005
Trabalho realizado no Hospital Maternidade Frei Galvão - Guaratinguetá, SP