RELATO DE CASOS
APENDAGITE EPIPLÓICA: TRATAMENTO CONSERVADOR
Epiploic Appendagitis: Conservative Treatment
Gustavo Pignaton1, Adriana de Almeida Borges 2, Renato Mendonça2, Cláudia Ribeiro2, Maria Chiara Chindamo3
1 Residência Médica em Gastroenterologia pela UFRJ. Especialização em Endoscopia Digestiva pelo INCA; 2 Residência Médica em Gastroenterologia pela UFRJ; 3 Professora da Faculdade de Medicina da UFRJ - Rio de Janeiro - RJ - Brasil.
Resumo: Apendagite epiplóica (AE) é uma doença inflamatória abdominal incomum, de bom prognóstico, que vem sendo mais freqüentemente diagnosticada em virtude dos avanços nos métodos de imagem. O achado clínico mais freqüente é dor em quadrante inferior esquerdo. O diagnóstico é obtido por meio da tomografia computadorizada. A recuperação do quadro é completa sob tratamento conservador.
Descritores: Dor Abdominal; Disgnóstico; Apendagite Epiplóica; Tratamento.
INTRODUÇÃO
A apendagite epiplóica (AE) é uma
condição clínica incomum, benigna e autolimitada. Resulta
da torção ou trombose venosa espontânea das veias
que drenam os apêndices epiplóicos. Manifesta-se por
dor abdominal aguda, localizada principalmente em quadrante inferior esquerdo (QIE). O diagnóstico
se faz por tomografia computadorizada (TC) de
abdome. O tratamento é conservador.
RELATO DE CASO
Paciente do sexo masculino, 31 anos, iniciou quadro de dor em quadrante inferior esquerdo
do abdome há 3 dias. Realizado atendimento
médico no Hospital Barra D'Or, foi submetido a
exames complementares. Exames laboratoriais
incluindo hemograma e EAS foram normais. Realizou-se
TC de abdome que evidenciou imagem ovalar medindo 3,2 cm, com densidade de gordura e
centro radioluscente. (Figuras 1 e 2) Feito diagnóstico
de apendagite epiplóica. Prescritos analgésicos
e antiinflamatórios para tratamento ambulatorial
com evolução favorável.
Figura 1 - TC abdome com imagem ovalar com densidade
de gordura e centro radioluscente em cólon sigmóide. |
Figura 2 - TC abdome com imagem ovalar com densidade de gordura e centro radioluscente em cólon sigmóide, infiltração da gordura adjacente. |
DISCUSSÃO
Os apêndices omentais são projeções de
gordura na superfície externa do cólon que se projetam
na cavidade peritoneal. Eles se encontram presentes
em todos os segmentos colônicos, porém em maior
densidade no cólon esquerdo. A apendagite epiplóica é
uma condição clínica benigna que resulta da torção ou
da trombose venosa espontânea das veias que drenam
os apêndices.1 Atinge, principalmente, indivíduos entre
a segunda e quinta décadas de vida, sem
predomínio quanto ao sexo. 1 A apendagite foi reconhecida
como entidade nosológica em 1956 por Linn.
2
O quadro clínico habitual é a presença de
dor abdominal aguda localizada em quadrante inferior
esquerdo, em paciente com bom estado geral e
afebril. O laboratório se caracteriza pela contagem de
leucócitos e VHS normais ou pouco elevados. Atualmente, o
diagnóstico é feito por tomografia computadorizada (TC).
O achado tomográfico de imagem paracólica, ovalar,
variando de 1 a 5 cm, com densidade de gordura,
associado a espessamento do revestimento peritoneal, e a
atenuação da gordura periapendicular define o diagnóstico.
3,4 Anteriormente ao advento da TC, o diagnóstico era
intra-operatório. Há relatos de diagnóstico por
ultra-sonografia (US) e ressonância nuclear magnética.
As possibilidades de diagnósticos
diferenciais são variadas e incluem apendicite, diverticulite,
ruptura de cisto ovariano, torção de ovário, gravidez
ectópica, câncer de cólon, abcesso, ileíte de Crohn e
adenite mesentérica. O quadro clínico pode mimetizar
quadro de abdome agudo.5
O tratamento é conservador e
ambulatorial. Consiste na administração de analgésicos
e antiinflamatórios, com a melhora completa dos
sintomas em torno de 3 a 14 dias. 6 O diagnóstico
incorreto pode levar a intervenções desnecessárias, sejam
elas hospitalizações, antibioticoterapia ou até mesmo
cirurgias. A cirurgia só estaria justificada como forma
de prevenir a recorrência e aderências adjacentes ao
local de múltiplas inflamações, ou quando não há
possibilidade de confirmação diagnóstica
pela indisponibilidade de recursos diagnósticos
avançados. A via preferencial seria a videolaparoscópica, com
ligadura e excisão do apêndice inflamado. As
vantagens do tratamento minimamente invasivo seriam a
rápida recuperação após a intervenção, no entanto mesmo
a via laparoscópica pode estar associada a graves
complicações, tais como: sangramento excessivo,
infecção, perfuração acidental de vísceras ocas ou reações
adversas à anestesia geral. 7 Portanto, a
possibilidade destas complicações não encoraja o tratamento
cirúrgico para esta condição de evolução benigna.
Abstract: Appendagitis is an uncommon inflammatory abdominal disease, with good prognosis; nowadays it is being diagnosed more frequently because of advances in imaging methods. Clinical finding most often described was abdominal pain over left lower quadrant. Diagnosis is obtained through computed tomography. Recovery is uneventful under conservative treatment.
Key words: Abdominal Pain; Diagnosis; Epiploic Appendagitis; Treatment.
Referências
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7. Sand M, Gelos M, Bechara FG, Sand D, Wiese
TH, Steinstraesser L, Mann B. Epiploic
appendagitisclinical characteristics of an uncommon surgical diagnosis. BMC
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Endereço para correspondência:
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Barra da Tijuca - Rio de Janeiro _ Brazil
CEP:22775-001
Tel.: (21) 2430-3600
E-mail: guspignaton@gmail.com
Recebido em 09/01/2008
Aceito para publicação em 14/02/2008
Trabalho realizado no Hospital Barra D'Or - Rio de Janeiro - RJ - Brasil.