ARTIGOS ORIGINAIS
HEPATECTOMIA PARA O TRATAMENTO DE METÁSTASES COLORRETAIS E NÃO-COLORRETAIS: ANÁLISE COMPARATIVA EM 30 CASOS OPERADOS
Hepatectomy for Metastasis from Colorectal and Non-Colorectal Origin: Comparative Analysis in 30 Resectable Cases
Sergio Renato Pais Costa1; Sérgio Henrique Horta2; Alexandre Cruz Henriques3;
Jaques Waisberg4; Manlio Basílio Speranzini5
1 Especialista em Cancerologia Cirúrgica - Doutorando e Mestre em Cirurgia pela Universidade Federal de
São Paulo - São Paulo - Brasil; 2. Especialista em Coloproctologia - Médico Assistente do Hospital de Ensino - Faculdade de Medicina do ABC - Santo André - São Paulo - Brasil; 3. Chefe do Serviço de Cirurgia Geral do Hospital de Ensino - Faculdade de Medicina do ABC - Santo André - São Paulo - Brasil; 4. Professor Assistente Doutor da Disciplina de Cirurgia do Aparelho Digestivo - Faculdade de Medicina do ABC - Santo André - São Paulo - Brasil; 5. Professor Titular da Disciplina de Cirurgia do Aparelho Digestivo - Faculdade de Medicina do ABC - Santo André - São Paulo - Brasil.
COSTA SRP; HORTA SH; HENRIQUES AC; WAISBERG J; SPERANZINI MB. Hepatectomia para o Tratamento de Metástases Colorretais e Não-Colorretais: Análise Comparativa em 30 Casos Operados. Rev bras Coloproct, 2009;29(2): 216-225.
Resumo: Racional - Hepatectomia é a melhor opção terapêutica curativa para metástases hepáticas de origem colorretal.
Mais recentemente, ressecção hepática também tem sido realizada para metástases de etiologia não-colorretal. Objetivo -
Comparar os resultados em curto e longo prazo de uma série de hepatectomias para 20 doentes com metástase colorretal com uma série
de 10 doentes com metástase não-colorretal realizadas pelo Serviço de Cirurgia Geral (Disciplina de Cirurgia do Aparelho
Digestivo) da Faculdade Medicina do ABC (Santo André - Brasil). Métodos - Os dados completos de 30 doentes submetidos à
hepatectomia por metástase metacrônica entre o período de Janeiro de 2001 e Setembro de 2007 foram avaliados. Vinte com
metástase colorretal (Grupo 1) foram comparados com dez com metástase não-colorretal (Grupo 2). Foi realizada análise multivariada
dos fatores prognósticos com o programa Epi-Info para Windows. Resultados - Foram realizadas vinte hepatectomias maiores e
dez hepatectomias menores. A morbidade foi similar entre os grupos (p >0,05). A mortalidade cirúrgica foi maior no Grupo 1 do
que no Grupo 2 (5 % X 0 %), mas não houve significância estatística (p>0,05). Os índices de sobrevida global em 3 e 5 anos
foram comparáveis entre os dois grupos (p>0,05). Conclusão - Nessa amostra, a ressecção hepática para metástase de etiologia não-colorretal apresenta resultados similares aos da metástase colorretal com sobrevida em cinco anos de 20 %. Foram
fatores prognósticos adversos: mais que uma metástase e linfonodo positivo.
Descritores: Neoplasias colorretais; Hepatectomia; Metástase neoplásica; Neoplasias hepáticas/cirurgia; Neoplasias hepáticas/secundário; Neoplasias colorretais; Taxa de Sobrevida.
INTRODUÇÃO
Atualmente, a ressecção cirúrgica
de metástases hepáticas de etiologia colorretal é a
única modalidade com intenção curativa ou de
prolongamento da sobrevida. Em séries mais recentemente
publicadas, a sobrevida dos pacientes submetidos à sua
ressecção completa (R0) tem variado de 25 % até 55 % em
cinco anos (1-3). Em contrapartida, quando indivíduos
com disseminação hepática são submetidos a
tratamento quimioterápico exclusivo, raramente alcançam mais
do que três anos de sobrevida (4).
Além do melhor conhecimento da biologia tumoral e da diminuição da mortalidade
das hepatectomias, a ausência de tratamento com
resultado similar contribuiu sobremaneira para ascensão do
tratamento operatório. Atualmente, com a evolução de
técnicas como ressecções em dois ou mais tempos (com
ou sem embolização portal), associação da ressecção
com métodos de ablação (notadamente a
radiofrequência) e a utilização de quimioterapia neo-adjuvante têm
promovido um aumento do entusiasmo na ressecabilidade
das metástases. Assim, um aumento da sobrevida
mesmo nos enfermos considerados anteriormente como irressecáveis, particularmente naqueles com
múltiplas metástases bilaterais tem sido observada (1-8).
Essa recente abordagem, com impacto positivo na sobrevida dos doentes com metástases
colorretais (CR) e posteriormente naqueles de
origem neuroendócrina (NE), impulsionou sobremaneira
a ampliação das indicações das hepatectomias para
outros tumores primários metastáticos para o fígado.
Por conseguinte, diversas séries de
ressecção de metástases de origem não-colorretal e
não-neuroendócrina (NCRNE) tem sido publicadas. E
seus resultados em longo prazo têm sido surpreendentes
quando realizadas em casos adequadamente
selecionados. Metástases de tumores do trato genito-urinário, de
mama e de sarcomas parecem apresentar resultados
comparáveis aos de origem CR (9-18). Em nossas meio,
pequenas séries de casos de ressecção hepática
de metástases de sarcomas, mama e também de
outros primários tem sido também descritas (19-21).
Paralelamente, poucos estudos em nosso país foram
realizados com o objetivo de avaliar possíveis fatores
prognósticos em longo prazo mesmo para metástases de origem CR
(22, 23). Particularmente, não foi encontrado estudo
comparativo em nosso meio em relação aos resultados
em curto e longo prazo das hepatectomias para
tratamento de metástases de etiologia CR e
NCRNE, e avaliação de possíveis fatores prognósticos.
Assim, o objetivo do presente estudo foi comparar os resultados do tratamento cirúrgico radical
dos indivíduos portadores de metástases hepáticas CR
com aqueles com metástases NCRNE e identificar
possíveis fatores prognósticos.
MÉTODOS
Durante o período de Janeiro de 2001 a
Setembro de 2007 foram diagnosticados 44 doentes
com metástases hepáticas metacrônicas de etiologia CR,
NE e NCRNE no Hospital de Ensino da Faculdade de Medicina do ABC, Santo André - São Paulo.
Todos doentes foram avaliados e operados por uma
mesma equipe cirúrgica do Serviço de Cirurgia Geral do
Hospital de Ensino - Disciplina de Cirurgia do
Aparelho Digestivo da Faculdade de Medicina do ABC,
Santo André - São Paulo.
Nove doentes foram excluídos do
tratamento cirúrgico por falta de condições clínicas para
ressecção (n=2), doença hepática extensa bilateral (n=2),
doença extra-hepática irressecável (n=2), doença
extensa sincrônica (n=3). No total, trinta e cinco foram
submetidos à exploração cirúrgica. Contudo, em três foi
documentada carcinomatose ao exame de
congelação intra-operatória, e foram excluídos dessa amostra.
Dois outros doentes, também foram excluídos da
casuística por serem portadores de metástases de etiologia NE
e por terem sido submetidos a cirurgias com intuito
paliativo (R2).
Dessa maneira, trinta doentes com
metástases metacrônicas (mais que seis meses do tratamento
do tumor primário) foram estudados e subdivididos em
dois grupos: Grupo 1 de 20 indivíduos portadores
de metástases CR e Grupo 2 - 10 indivíduos
portadores de metástases NCRNE. As características
clínico-epidemiológicas estão demonstradas na Tabela 1.
A maioria dos pacientes era assintomática
em relação às metástases hepáticas, exceto no Grupo
1 onde dois doentes apresentavam algum sintoma. Os sintomas apresentados foram: tumoração
abdominal (n=1) e dor (n=1).
O número de lesões variou de uma a
quatro. No grupo 1, dois doentes apresentavam
metástases bilaterais, enquanto que no grupo 2 nenhum
doente apresentava bilateralidade. Em todos pacientes do
Grupo 1, o diagnóstico histológico foi de
adenocarcinoma. Em contrapartida, no Grupo 2 foram
encontrados: adenocarcinoma (n=7), carcinoma germinativo
(n=1), melanoma (n=1) e sarcoma (n=1). A distribuição
do número, tamanho e localização das metástases em
cada grupo também está demonstrada na Tabela 1.
O intervalo livre de doença entre o
tratamento da lesão primária e o aparecimento das
metástases variou de 12 a 34 meses com mediana de 18
meses para as metástases CR, e de 12 a 30 meses com
mediana de 20 meses para as metástases NCRNE
(Tabela 1). Nas metástases CR, o tumor primário foi de
cólon em 12 doentes (cólon direito em 5, cólon esquerdo
em 3 e sigmóide em 4) e de reto em 8. Nas
metástases NCRNE, os sítios primários foram: gástrico (N=1),
rim (N=1), adrenal (N=1), mama (N=2), testículo
(N=1), ovário (N=2), melanoma acral (N=1) e sarcoma
de retroperitônio (N=1).
Todos pacientes da presente casuística
foram submetidos à estadiamento completo
pré-operatório com tomografia de abdome, pelve e tórax.
Nos últimos vinte e cinco pacientes foi
também realizada ressonância nuclear magnética de
abdome pré-operatória. A ultra-sonografia
intra-operatória do fígado foi possível de ser realizada em 15
pacientes. Também foram dosados os níveis séricos
de CEA, CA 19-9, CA 125, CA 15-3,
alfa-fetoproteína em todos os casos.
Após o tratamento cirúrgico, todos
pacientes foram acompanhados pelos Serviços de Oncologia
Clínica e Cirurgia Geral, por meio de um fichário
padronizado e todos os dados foram colhidos de
forma prospectiva. Os pacientes foram acompanhados segundo a seguinte padronização: intervalos de
três meses (até dois anos), de seis meses (entre dois e
cinco anos), e finalmente a cada doze meses (após
cinco anos). Em cada retorno, além do exame físico
completo foram dosados marcadores conforme a origem
do primário, ultra-sonografia total de abdome,
tomografia computa-dorizada de abdome-pelve e raios-X
simples de tórax. Recorrência tumoral foi considerada
somente em casos de documentação radiológica
inequívoca, e se possível com confirmação histológica.
Para avaliação estatística foi utilizado o
Programa EPI-INFO para Windows. Foi realizada
análise uni e multivariada dos diferentes fatores
prognósticos. Foi considerado como estatisticamente significante
um p< 0,05. O tempo de sobrevida foi calculado da data
da ressecção da metástase até o último
retorno ambulatorial ou morte. A sobrevida global,
sobrevida livre de doença e controle local foram calculados
usando método de Kaplan-Meier.
RESULTADOS
Não houve diferença estatisticamente
significativa entre os grupos 1 e 2; em relação ao tipo
de hepatectomia (maior ou menor), tempo
cirúrgico, sangramento estimado, necessidade de transfusão
e tempo de isquemia hepática (Tabela 2). Quatorze
doentes apresentaram no mínimo uma complicação e
a morbidade global dessa série foi de 46 %. Não
houve diferença estatisticamente significativa entre os
grupos 1e 2, em relação a essa variável. Houve seis
complicações maiores (complicações graves tanto
clínicas com risco de morte quanto cirúrgicas com
necessidade de reoperação) e oito menores. As
complicações maiores apresentadas foram: abscesso
intracavitário (n=2), fístula biliar (n=2), evisceração (n=1) e
insuficiência hepática (n=1). Cinco doentes foram
submetidos à reintervenção cirúrgica (16 %). Não houve
diferença estatisticamente significativa entre os grupos 1 e
2, em relação ao número de reoperações. Dentre as
complicações menores foram observadas: pneumonia
(n=4), infecção urinária (n=1), derrame pleural (n=1),
infecção de parede (n=1), seroma (n=1). O tempo
de internação foi similar entre os grupos (p>0,05). No
grupo 1, um paciente submetido à hepatectomia direita
ampliada para o segmento IV com ressecção parcial
do diafragma e interposição de pericárdio bovino por
uma metástase de 12 cm faleceu por insuficiência
hepática pós-operatória totalizando uma mortalidade de
5%, enquanto no Grupo 2 não houve mortalidade.
Contudo não se observou diferença estatisticamente
significativa em relação a essa variável (Tabela 3).
No Grupo 1, dezoito doentes apresentaram margens microscópicas livres (R0), enquanto dois
apresentaram margens microscopicamente
comprometidas (R1). No Grupo 2, todos pacientes doentes
apresentaram margens livres (R0). Não houve diferença
estatisticamente significativa em relação a essa variável
(p >0,05). Os últimos 25 doentes da presente
casuística foram submetidos à linfadenectomia hilar
sistemática sendo 15 no Grupo 1 e 10 no Grupo 2. A mediana
de linfonodos dissecados foi de cinco (variando de um
a nove). Oito doentes apresentaram pelo menos um linfonodo comprometido (32%). O grupo 2
apresentou proporcionalmente mais doentes com
comprometimento linfonodal (40% X 26%). No entanto, essa
diferença estatisticamente significativa (p>0,05). Essas
variáveis podem ser avaliadas na Tabela 3.
O período de seguimento dos pacientes variou de 13 a 60 meses, com mediana de 38
meses. Quinze doentes apresentaram recidivas. Oito
doentes apresentaram recidiva exclusivamente
hepática, enquanto sete doentes apresentaram recidiva
múltipla. O Grupo 1, apresentou proporcionalmente
mais recidivas hepáticas (p<0,05). Em contrapartida,
o Grupo 2 apresentou mais recidivas múltiplas
(p<0,05). No Grupo 2, dois doentes foram submetidos
a hepatectomia de resgate. O intervalo entre a
cirurgia hepática e a recidiva variou de 10 a 33 meses.
A sobrevida global em três anos foi de 50 %,
enquanto em cinco anos foi de 20 %. Não houve diferença
estatisticamente significativa entre os Grupos 1 e 2
em relação a sobrevida aos três e cinco anos de
sobrevida. Contudo, no Grupo 2, a sobrevida livre de doença
foi estatisticamente menor (Tabela 4).
Na Tabela 5 estão demonstradas as
características epidemiológicas dos 14 doentes com
sobrevida livre de doença maior do que 36 meses. Ao se
realizar a análise univariada, as seguintes variáveis
independentes tiveram impacto negativo na sobrevida em
longo prazo dos doentes: idade superior 70 anos,
CEA maior que 200 ng/dl, transfusão intra-operatória,
mais que uma lesão hepática, tamanho da lesão maior que
5 cm e linfonodo positivo no tumor primário ou no
hilo hepático. Contudo, a análise multivariada somente
número de lesões (mais que uma) e linfonodo
positivo (primário ou no hilo hepático) foram considerados
fatores de mau prognóstico para sobrevida em longo
prazo (p<0,01).
DISCUSSÃO
Considerando-se que o fígado é um órgão
frequentemente acometido por metástases, os
mecanismos para o seu acometimento ainda é motivo de estudo
e tende a diferir segundo o sítio primário do tumor. A
via mais comum de disseminação em doentes com
tumores oriundos do trato gastrointestinal (como o
câncer colorretal e tumores neuroendócrinos do
trato digestório) são a drenagem venosa pela veia porta e
a via retrógrada pelos canais linfáticos. O racional
da ressecção das metástases hepáticas seria que
teoricamente a doença estaria confinada a um sítio
loco-regional (cavidade abdominal). Assim sendo, o
tratamento radical e apropriado tanto do tumor primário
quanto das metástases pode teoricamente oferecer
chances de controle ou mesmo cura da neoplasia. Do ponto
de vista prático, este raciocínio tem sido confirmado,
amiúde em metástases CR, onde 37 % dos doentes
sobrevivem cinco anos e pelo menos 22 % sobrevivem
dez anos (24).
Com o melhor conhecimento da biologia tumoral, da técnica cirúrgica das hepatectomias,
das condições de suporte intra e pós-operatórias
(principalmente a partir das décadas de 80 e 90)
houve um crescente entusiasmo no tratamento das metástases hepáticas. Fortner et al. (25), já na
década de 80 sinalizava a hepatectomia como
tratamento curativo das metástases
hepáticas colorretais. A partir deste autor que estudou
uma casuística de 247 indivíduos operados foi
possível de se conhecer os primórdios do entendimento
da biologia tumoral das metástases CR e de seu
tratamento cirúrgico.
Desde então, diversas séries foram
importantes para o melhor conhecimento deste tipo de
procedimento, o que culminou com uma rápida expansão
das indicações desta terapêutica, principalmente em
virtude de seus bons resultados quando comparados ao
tratamento sistêmico exclusivo (26-31).
Paralelamente, com o desenvolvimento técnico, de suporte pré e
pós-operatório a mortalidade das ressecções hepáticas
foram diminuindo (8).
Por conseguinte, atualmente, a ressecção
curativa de metástases hepática de origem CR tem
sido considerada padrão ouro, e mesmo na presença de
fatores prognósticos negativos a sobrevida em
alguns enfermos pode ser eventualmente prolongada.
Séries históricas importantes foram reportadas o que
culminou com o melhor conhecimento dos fatores
prognósticos levando consequentemente a uma melhor
seleção do doente com metástase CR candidato ao
tratamento cirúrgico. Nordingler et al (29), em
estudo multicêntrico na França em 85 centros de
excelência com casuística total de 1568 doentes operados,
observaram uma mortalidade operatória de 2,3% sendo
estatisticamente maior nos idosos (idade maior 60
anos) e nas hepatectomias maiores ou nas metástases
maiores que 5 cm. A morbidade global foi de 23%, e
foram mais comumente encontradas em hepatectomias
maiores. À análise multivariada, dentre os fatores
prognósticos adversos independentes, foram observados:
idade maior que 60 anos, comprometimento da
serosa, linfonodo positivo, intervalo livre de doença entre o
tratamento do primário e aparecimento de metástase
menor que dois anos, tamanho da maior lesão
(maior que cinco cm), número de lesões (maior que quatro)
e margem cirúrgica menor que um cm. A sobrevida
global foi de 25%.
Em outra grande série do Memorial Sloan-Kettering Cancer Center, Fong et al (24), ao
avaliarem 1001 indivíduos operados em um único
centro observaram mortalidade e morbidade operatória
de 3,8 % e 31 % respectivamente, e idealizaram um
escore clínico preditivo de sobrevida.
À análise multivariada sete fatores negativos para sobrevida
em longo prazo foram encontrados: margens
positivas, doença extra-hepática, status linfonodal do
tumor primário, intervalo livre doença entre o tumor
primário e aparecimento da metástase (menor que um
ano), número de metástases (maior que um), tamanho
da maior lesão (maior que 5 cm) e antígeno
carcino-embrionário maior que 200 ng/ml. Quando
cinco destes critérios eram positivos apenas 14 %
dos doentes sobreviveram mais que cinco anos
(mediana de sobrevida de 22 meses), e ao contrário quando
todos eram negativos 60 % dos doentes sobreviveram pelo menos cinco anos (mediana de sobrevida de
74 meses).
Em nosso meio, Oliveira et al (23) ao analisarem 41 doentes submetidos a ressecção curativa
(todos com menos que quatro metástases) com
mortalidade pós-operatória nula, observaram que apenas a
localização no reto foi fator prognóstico reservado.
A média de sobrevida foi de 38,4 meses. Chedid et
al (22), ao analisarem 28 doentes operados com
mortalidade de 3,6 % e morbidade de 39,3 %,
observaram sobrevida de 35 % em cinco anos. A
análise multivariada encontrou como fatores prognósticos
adversos independentes, apenas intervalo livre de
doença menor que um ano e a presença de doença
extra-hepática.
No presente estudo a mortalidade (3%) e morbidade (46%) foram similares as encontradas
na literatura, e não houve diferença
estatisticamente significante entre essas variáveis em relação aos
grupos (1-CR e 2-NCRNE), fato este também
observado previamente por Reddy et al (32). O único caso
de óbito foi em doente submetido à hepatectomia
direita ampliada com ressecção do diafragma, e como já
descrito por Nordingler et al (29) é fato conhecido
que uma pluri-segmentectomias tem mortalidade
estatisticamente maior quando comparada as ressecções
menores (menos que 3 segmentos).
No presente estudo, os candidatos a ressecção foram rigorosamente selecionados
levando-se em conta os fatores prognósticos
previamente descritos tanto para metástases CR
quanto NCRNE. Dentre os mais importantes a nosso ver
e que foram seguidos a risca foram: intervalo livre
de doença e número de lesões. Somente foram
operados doentes com lesões metacrônicas (intervalo
livre de doença maior que seis meses) e de
preferência doentes com lesão única e no máximo
quatro, isto baseado em diversos estudos que
demonstraram baixa sobrevida para indivíduos com
metástases sincrônicas ( 2, 6, 8, 10, 11, 13, 14, 24, 29). Fato
que foi confirmado nesse estudo, onde o número de
lesões (maior que uma) foi uma variável
independente no prognóstico. Assim como Nordingler et al
(29) e Fong et al (24), a presença de linfonodo
comprometido no tumor primário CR também tem
sido implicada no mau prognóstico como pode ser
observada na presente casuística.
Quando analisados também os NCRNE pode-se observar que linfonodos comprometidos também
tiveram impacto negativo na sobrevida. Dos
quatorze doentes que sobreviveram mais que 36 meses,
apenas dois ambos do Grupo 1 (CR) apresentavam
linfonodos comprometidos no tumor primário, e nenhum do
Grupo 2 (NCRNE). Paralelamente, presença de linfonodo
hilar comprometido também tem sido motivo de
estudos. Dúvidas pairam em relação ao benefício
da hepatectomia frente ao comprometimento de
linfonodo hilar podendo inclusive ser causa de
contra-indicação a cirurgia radical (33, 34). Segundo revisão
sistemática realizada por Rodgers & McCall (35), a chance
de sobrevida em cinco anos para doentes com
linfonodo positivo hilar, seja em uma dissecção sistemática
ou não durante a hepatectomia para metástases
CR, é muito pequena. Para metástases NCRNE,
embora não tenhamos encontrado muitos estudos com
esse objetivo, baseado na presente amostra mesmo
que pequena pudemos observar que metástase
linfonodal hilar no grupo 2 (NCRNE), também foi
considerada de prognóstico reservado a análise multivariada
denotando uma doença sistêmica "a priori".
Especificamente para metástases de mama, Sakamoto et
al (36) em casuística de 34 doentes ressecados
não observaram nenhum sobrevivente com mais de
cinco anos com linfonodo hilar positivo. Este autor
descreveu a presença de linfonodo hilar positivo como
variável adversa no prognóstico final. Dados
similares foram encontrados na presente casuística. Dos
25 doentes submetidos à dissecção hilar
sistemática, pode-se observar que de todos os que
apresentaram gânglio hilar positivo (n=8), nenhum atingiu
uma sobrevida maior que 20 meses independentemente
do grupo.
Embora a casuística tenha sido pequena,
não pode ser observada diferença
estatisticamente significante na sobrevida entre doentes
com metástases CR e NCRNE, ou seja, elas foram
muito similares (em torno de 50% e 20 % em três e
cinco anos respectivamente). Isto pode ser devido à
intensa seleção dos casos operados (lesões
metacrônicas, únicas e tumores do trato genito-urinário e mama
predominantemente). Do ponto de vista prático,
a ressecção de metástases NCRNE tem sido
fortemente recomendada em casos selecionados na última
década. Grandes casuísticas em instituições renomadas
e estudos de fatores prognósticos têm sido
sistematicamente publicados. Os índices de sobrevida nas
últimas séries tem se aproximado dos índices
publicados nas de metástases CR e tem variado de 24 até 37
% em cinco anos (22, 37, 38). A sobrevida global de
20 % em cinco anos da presente série, tanto no Grupo
1 (CR) quanto no Grupo 2 (NCRNE) foi similar a de diversas outras séries previamente descritas (1, 2,
14, 37, 39).
Em relação às metástases NCRNE, a
maioria dos estudos tem observado que a sobrevida pode
variar conforme o sub-grupo analisado sendo maior
nos tumores de mama, genito-urinários e sarcomas que
em relação aos demais grupos (tumores do
trato gastrointestinal, melanoma não-ocular). Também,
o número de metástases, radicalidade da cirurgia
(R0) bem como o intervalo de doença entre o primário e
a metástase (maior que uma ano, dois ou até mesmo
três) tem impacto na sobrevida em longo prazo (12-14,
22, 37, 38).
Na presente série, entre os sobreviventes
em longo prazo (mais de três anos), todos os
primários apresentavam mais que um ano entre seu
aparecimento e o surgimento da metástase que em geral foi
única (somente uma doente apresentava mais que uma)
e também apresentaram distribuição condizente com
o observado nos estudos previamente (predomínio
de tumores de mama e trato genito-urinário). Assim
como observado por Reddy et al (32) ao comparar 245
casos de metástases CR com 82 de metástases
NCRNE durante um mesmo período, no presente estudo
a sobrevida global foi similar entre os grupos. No
entanto, também como descrito por este autor, a
sobrevida livre de doença foi estatisticamente menor no
grupo NCRNE. No grupo 2 (NCRNE) nenhum dos sobreviventes em cinco anos ( 2 doentes) se apresentava
sem neoplasia ao término do estudo. Ao contrário do
grupo 1 (CR), onde todos os quatro doentes se
apresentavam livres de doença há mais de cinco anos ao
término do estudo. Talvez, isto corrobore com um caráter
mais sistêmico das metástases NCRNE, levando a crer
que esses casos têm que ser ainda mais intensamente
selecionados. Fato esse não tão frequentemente
observado nas metástases CR onde um envolvimento mais
loco - regional pode ser observado, haja visto que as
recidivas mais frequentemente observadas nesse
sub-grupo no presente estudo foram mais hepáticas e
não sistêmicas.
CONCLUSÕES
Na presente amostra, a sobrevida dos doentes submetidos à ressecção de metástases
não-colorretal e não-neuroendócrina foi semelhante à de doentes com
metástases colorretais (20 % em cinco anos). No
entanto, a sobrevida livre de doença foi
estatisticamente menor no grupo NCRNE. Foram fatores
prognósticos adversos para a sobrevida pela analise
multivariada: comprometimento linfonodal (tumor primário
ou linfonodo hilo hepático) e número de lesões (mais
que uma).
ABSTRACT:Background - Hepatectomy has presented the best curative therapeutic choice for hepatic metastatic
colorectal cancer. More recently, hepatic resection has been performed for hepatic metastases from non-colorectal origin too. Aim
- To compare both early and long-term surgical outcomes on 20 patients' series of colorectal with 10 patients' series of
non-colorectal hepatic metastases realized by General Surgery Service (Discipline of Tract Digestive Surgery) of ABC Medical School
(Santo André - Brazil). Methods - Complete follow-up data were available on 30 patients who underwent hepatectomy for
metastatic methacronic cancer between January 2001 and September 2007. Twenty patients presented colorectal liver metastases (Group
1) were compared with ten patients presented non-colorectal metastases (Group 2). Results - There were twenty major
hepatic resections and ten minor hepatic resections. Overall morbidity rates were similar between Groups 1 and 2 (p = ns).
Overall mortality in Group 1 was higher than Group 2 (5 % X 0 %), nevertheless there was no statistical significance (p=ns). Both 3
and 5-year overall survival rates were comparable between groups (p=ns). Both number of lesions and nodal disease were
considered dismal prognostic factors. Conclusion - In this sample, hepatic resection for liver metastasis from non-colorectal and
non-neuroendocrine origin presents similar results to colorectal metastasis. Multiple metastases and positive node were
adverse prognostic factors.
Key words: Colorrectal neoplasm; Hepatectomy; Neoplasm metastasis; Liver neoplasm/surgery; Liver neoplasm/secondary; Survival rate.
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Endereço para correspondência:
Sérgio Renato Pais Costa
Avenida Pacaembu, n. 1400
CEP: 14400-200
São Paulo - SP - Brasil.
E-mail: srenatopaiscosta@hotmail.com
Recebido em 16/04/2009
Aceito para publicação em 08/06/2009
Trabalho realizado no Serviço de Cirurgia Geral do Hospital de Ensino - Disciplina de Cirurgia do Aparelho Digsetivo - Faculdade de
Medicina do ABC - Santo André - Brasil.